Apagão cibernético cancela quase 1.400 voos pelo mundo; veja situação no Brasil

Empresas aéreas de todo o mundo enfrentam problemas na emissão de bilhetes, nas reservas e no atendimento online de call centers
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Rodrigo Mozelli 19/07/2024 09h42, atualizada em 19/07/2024 20h57
Aviões parados em um aeroporto
Imagem: joyfull/Shutterstock
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Um apagão cibernético interrompeu ou prejudicou uma série de serviços ao redor do planeta nesta sexta-feira (19). Um dos setores mais afetados é o da aviação. Até agora, quase 1.400 voos foram cancelados em razão da pane.

Voos foram cancelados em vários países

De acordo com balanço divulgado pela empresa de análise de aviação Cirium, foram 1.390 viagens canceladas até às 7h da manhã. As principais companhias aéreas dos Estados Unidos, incluindo Delta, United e American Airlines, suspenderam os voos devido a “problemas de comunicação”, informou a Administração Federal de Aviação (FAA).

Apenas nos EUA foram 512 viagens canceladas. Na Alemanha, foram 92 voos e na Índia, 56. Além disso, pelo menos 45 viagens previstas na Itália foram suspensas e outras 21 no Canadá. A Ryanair, maior empresa aérea da Europa, pediu aos passageiros para chegarem aos aeroportos com três horas de antecedência para mitigar o transtorno.

Apagão cibernético gera caos nos aeroportos (Imagem: Eviart/Shutterstock)

A Turkish Airlines informou que falhas nas telecomunicações resultaram no cancelamento de 84 voos. A AJet, braço de baixo custo da companhia, afirmou que enfrenta problemas na emissão de bilhetes, nas reservas e no atendimento online de call centers.

Problemas similares foram registrados nos aeroportos de Berlim, na Alemanha, Amesterdã-Schiphol, na Holanda, Hong Kong, assim como em todos os aeroportos na Espanha. Na Suíça, o aeroporto de Zurique, o maior do país, também suspendeu os pousos.

O apagão cibernético foi causado por uma atualização num software da empresa Crowdstrike. Especificamente no setor da aviação, isso gerou problemas para realização de check-ins e outros sistemas, que passaram a ser feitos manualmente, em alguns casos. Lembrando que não há riscos para a segurança dos aviões. As informações são de O Globo.

Leia mais

Situação no Brasil

  • O apagão cibernético causou impactos nas operações por aqui.
  • A Azul Linhas Aéreas informou que alguns voos podem sofrer atrasos, “devido intermitência no serviço global do sistema de gestão de reservas”, além de “atrasos pontuais”.
  • A companhia orienta os clientes que possuem voos agendados para esta sexta e que ainda não tenham efetuado o check-in, a chegarem com antecedência ao aeroporto, onde devem procurar pelo balcão de atendimento da empresa.
  • Já a GOL disse que suas operações e sistemas não sofreram impactos do apagão cibernético até o momento.
  • A Latam, por sua vez, disse que as operações podem ser afetadas pela queda do sistema da Microsoft, podendo gerar atrasos em voos. Contudo, até então, não há impactos na operação da empresa.
  • “O Grupo LATAM lamenta os inconvenientes que essa situação, alheia à sua responsabilidade, possa causar aos seus passageiros”, explicou, em nota à imprensa.

Apesar disso, durante o dia, alguns aeroportos foram afetados. Voos do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro (RJ), passaram por problemas por “intermitência no check-in” de algumas empresas aéreas, forçando que o procedimento fosse realizado manualmente.

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) pontuou que a intermitência vem acontecendo ao nível nacional, porém, não relacionou o problema ao apagão cibernético.

Até a última atualização desta reportagem, 23 voos estavam atrasados e 12 foram cancelados no Santos Dumont.

Aeroportos de Florianópolis (SC), Natal (RN), Vitória (ES) e Salvador (BA) também precisaram realizar os processos de check-in, etiquetagem de bagagens e embarque de forma manual.

Em São Paulo, o Aeroporto de Congonhas sofreu com o atraso de dez voos e o cancelamento de dois. Em Viracopos, localizado em Campinas (SP), e Leite Lopes, em Ribeirão Preto (SP), pousos e decolagens foram atrasados.

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Aeroporto de Guarulhos e outros terminais brasileiros acabaram sendo afetados (Imagem: Matheus Obst/Shutterstock)

O que fazer nessa situação?

Leandro Alvarenga, consultor de privacidade e segurança, além de colunista do Olhar Digital, explica o que fazer caso você tenha algum voo programado e foi afetado pelo apagão internacional.

O especialista frisa que as pessoas que compram passagens aéreas no Brasil são protegidas pela regulação da ANAC e também pela Convenção de Montreal.

“[As regulações] têm em comum que as empresas são obrigadas a prestar assistência ao passageiro. Isso quer dizer que terão que fazer a remarcação gratuita, oferecer, dependendo do tempo da demora, alimentação, água e também a hospedagem para esses passageiros”, explica.

“Não só isso. Quando nós olhamos para os serviços de prestação de serviços, como, por exemplo, o sistema bancário, os eventuais prejuízos absorvidos pela falha na prestação de serviços também deverão ser suportados pelas empresas”, prossegue.

Por exemplo, quando você perdeu em decorrência de não conseguir fazer um pagamento que deveria ser feito naquele instante ou, eventualmente, você teve algum outro prejuízo.

Os bancos não vão poder alegar que isso foi um caso fortuito, uma força maior, que poderia impedir sua responsabilização porque, segundo o Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor responde independente de culpa e faz parte do risco da sua atividade e que ele tem que tomar os cuidados necessários com seus fornecedores para, assim, não causar prejuízos aos consumidores.

Dessa forma, as empresas de qualquer ramo que causarem prejuízos aos consumidores poderão ser responsabilizadas objetivamente.

Leandro Alvarenga, consultor de privacidade e segurança, além de colunista do Olhar Digital

Alvarenga também ressalta que a Microsoft pode ser responsabilizada. “Imaginem uma indústria com que toda a parte de resfriamento dela é vinculada ao sistema da Microsoft e parou de funcionar e houve apenas serviço por conta da Microsoft e, em decorrência dessa falha, ela deverá ser indenizada”, exemplifica.

Quanto aos consumidores, eles terão a opção de escolha de responsabilizar qualquer membro da cadeia de consumo, seja, por exemplo, o banco, ou seja a Microsoft, ou, até ambos, numa apuração de responsabilidade do caso em geral.

Leandro Alvarenga, consultor de privacidade e segurança, além de colunista do Olhar Digital
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.