‘Pai’ do ChatGPT, Sam Altman financiou estudo sobre renda básica universal

CEO da OpenAI deu apoio a estudo que chegou a conclusões importantes sobre como se comportam pessoas que recebem renda básica
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 25/07/2024 04h03
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Imagem: OlenaMykhaylova/iStock
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Um estudo recente sobre a renda básica universal, apoiado pelo fundador da OpenAI, Sam Altman, mostra que pagamentos garantidos e sem compromissos destinados a grupos de baixa renda podem fazer com que essas pessoas trabalhem um pouco menos, proporcionando-lhes mais tempo de lazer.

O estudo foi um dos maiores e mais abrangentes do gênero, e examinou o impacto do rendimento garantido na saúde, despesas, emprego, capacidade de mudança e outras facetas das suas vidas dos beneficiários.

Altman já demonstrava interesse no assunto há algum tempo, e em uma postagem de blog de 2016, indagou o que as pessoas poderiam fazer caso recebessem dinheiro sem precisar trabalhar.

“As pessoas sentam-se e jogam videogame ou criam coisas novas? As pessoas estão felizes e realizadas?” diz a postagem do CEO da OpenAI, que hoje é bilionário.

Na mesma postagem, Altman afirma que uma possível extinção dos “empregos tradicionais” pela tecnologia poderia tornar a renda básica universal necessária no futuro.

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Pilhas de moedas e uma mão colocando outra em uma das pilhas
Pessoas que receberam renda básica demonstraram mais liberdade para usar seu tempo (Imagem: Sichon/Shutterstock)

Como o estudo de renda básica foi aplicado

  • O estudo conduzido pela OpenRessearch reuniu 3 mil participantes nos estados de Illinois e Texas, que receberam US$ 1 mil mensais durante três anos, começando em 2020.
  • As transferências monetárias representaram um aumento de 40% nos rendimentos dos beneficiários.
  • Um grupo de controle de 2 mil participantes recebeu US$ 50 por mês por suas contribuições.
  • O estudo concluiu que os beneficiários da renda básica gastaram mais dinheiro. Os dólares extras foram destinados a itens essenciais como aluguel, transporte e alimentação.

Os pesquisadores também estudaram o efeito do ‘dinheiro grátis’ sobre o quanto os beneficiários trabalhavam e em que tipos de empregos. Descobriram que os beneficiários da renda básica trabalhavam de 1,3h a 1,4h a menos por semana em comparação com o grupo de controle. Em vez de trabalhar durante essas horas, eles as utilizavam para momentos de lazer.

“Observamos reduções moderadas na oferta de trabalho”, disse Eva Vivalt, professora assistente de economia na Universidade de Toronto e uma das principais investigadoras do estudo.

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Sam Altman vê na renda básica universal uma solução para o futuro (Imagem: jamesonwu1972/Shutterstock)

Vivalt não vê a queda nas horas gastas trabalhando como um resultado negativo do experimento. Pelo contrário: “as pessoas estão fazendo mais coisas, e se os resultados dizem que as pessoas valorizam ter mais tempo de lazer – que é isso que aumenta o seu bem-estar – isso é positivo.”

Em outras palavras, as transferências monetárias deram aos beneficiários mais autonomia sobre como gastam o seu tempo. Os pesquisadores esperavam que os participantes acabassem por ganhar salários mais elevados ao assumirem empregos mais bem remunerados, mas esse cenário não se concretizou.

A equipe continuará a estudar os resultados do experimento, à medida que outras cidades dos EUA conduzem seus próprios testes do conceito.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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