As armaduras eram fundamentais durante as guerras na Antiguidade. E uma das mais famosas delas foi criada pelos gregos durante a Idade do Bronze. Cerca de 3.500 anos depois, pesquisadores recriaram esta estrutura para entender como ela funcionava nos campos de batalhas.

Historiadores duvidavam da efetividade do uso da armadura

  • Pesquisadores da Grécia, do Reino Unido e de Portugal recrutaram 13 fuzileiros navais das Forças Armadas gregas para testar o desempenho da armadura.
  • Durante os trabalhos, foram usados apetrechos comuns em guerras da Antiguidade.
  • Os soldados, com idade média de 29 anos, vestiram uma réplica da chamada panóplia de Dendra, descoberta perto da antiga cidade de Micenas, no sul da Grécia, nos anos 1960.
  • Formada por placas sobrepostas de bronze, a panóplia (armadura completa) é uma das poucas remanescentes desse período.
  • No entanto, sempre despertou dúvidas sobre sua real efetividade.
  • Alguns cientistas chegaram a sugerir que ela só teria sido utilizada em cerimônias públicas, mas nunca em combates.
  • Para colocar um ponto final neste mistério, a equipe criou réplica bastante fiel do equipamento, produzida a partir de uma liga de cobre e zinco muito parecida com o bronze de Dendra.
  • Os resultados foram descritos em um estudo publicado na revista científica PLoS ONE.
Armadura de Dendra foi recriada em estudo (Imagem: Andreas Flouris e Marija Marković/Departamento de Ciência do Exercício da Universidade da Tessália)

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Simulação comprovou importância da estrutura

A panóplia moderna pesa cerca de 22 kg, um pouco mais do que a original, e foi fabricada sob supervisão da Universidade de Birmingham, que também participou do estudo. Uma resina sintética foi usada para fabricar o capacete, reproduzindo as versões da Idade do Bronze que usavam presas de javali em sua montagem.

Pedaços de feltro ainda foram empregados para acolchoar os componentes, presos entre si com tiras de couro. Por fim, os fuzileiros navais receberam uma espada do tipo cruciforme, comum no período micênico, como é conhecida essa época na cronologia grega.

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Para recriar uma campanha militar da época, os pesquisadores analisaram versos da Ilíada, o maior poema épico grego, que descreve uma pequena parte da guerra de Troia.

Um dos voluntários usando a armadura micênica (Imagem: Andreas Flouris e Marija Marković/Departamento de Ciência do Exercício da Universidade da Tessália)

Levando tudo isso em conta, os soldados passaram por uma bateria de 11 horas de simulações de combate, passando por vários dos estágios de uma batalha citados na obra de Homero. As medições fisiológicas mostraram que seu uso contínuo era perfeitamente viável. Apesar de algumas dores e inflamações, nenhum soldado desabou de exaustão no fim do dia, por exemplo.

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Os pesquisadores agora querem usar estas dados para entender melhor as estratégias militares adotadas pelos antigos reinos gregos nos séculos finais da Idade do Bronze.