Uma carta enviada à Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) por dois senadores dos EUA alega que algumas montadoras de carros estão vendendo dados dos motoristas por alguns centavos de dólar para as companhias de seguros.

Os senadores Ron Wyden, do Oregon, e Edward J. Markey, de Massachusetts – ambos defensores da privacidade – enviaram a carta nesta sexta-feira (26). Nela, segundo o The New York Times, eles apontam que General Motors (GM), Hyundai e Honda teriam recolhido dados de condução dos veículos dos seus clientes.

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Entre os dados coletados, constam a velocidade na qual um motorista acelerou, com qual força ele freou e com que frequência ultrapassou o limite de velocidade. A carta também aponta que esses dados foram vendidos para companhias de seguros para que elas pudessem avaliar o risco que o motorista representa.

Dados dos motoristas valem meros centavos de dólar

  • Uma das supostas descobertas surpreendentes de investigação do gabinete do senador Wyden foi o quão pouco os fabricantes de automóveis lucraram com a venda de dados de condução;
  • Segundo a carta, a empresa de análise de dados Verisk pagou à Honda US$ 25,92 mil (R$ 146,6 mil, na conversão direta), ao longo de quatro anos, por informações sobre 97 mil carros, o que equivale a US$ 0,26 (R$ 1,47) por carro;
  • A Hyundai recebeu pouco mais de US$ 1 milhão (R$ 5,65 milhões), ou US$ 0,61 (R$ 3,45) por carro, ao longo de seis anos.

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Fachada do prédio da General Motors (GM) em Detroit, nos EUA
GM está entre as montadores que vendeu dados de motoristas (Imagem: Linda Parton/Shutterstock)

Embora a GM não tenha dito exatamente por quanto vendeu os dados, fontes próximas ao assunto disseram ao Times que a montadora vendeu dados de mais de oito milhões de carros na faixa de “baixos milhões de dólares”.

A maneira como as montadoras informaram aos motoristas que seus dados estavam sendo coletados também gerou críticas. O periódico estadunidense diz que a Hyundai coletou dados de qualquer veículo com conexão à internet. GM e Honda deram aos motoristas a opção de aderir, mas o senador Wyden diz que eles enganaram os clientes.

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Desde a notícia original sobre a recolha de dados, a GM parou de coletá-los. No entanto, uma carta da montadora à FTC diz que a empresa ainda compartilha dados de localização, que “não buscou consentimento dos clientes para compartilhar a localização de seus carros” e que a única maneira de interromper o compartilhamento de localização é desabilitar a conexão de internet do carro.

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Hyundai e Honda se posicionaram sobre o caso

Um porta-voz da Honda, Chris Martin, disse ao Times que a Verisk forneceu serviço de pontuação de condução aos seus clientes e que “nenhuma informação identificável do consumidor foi compartilhada com qualquer companhia de seguros” sem a aceitação dos clientes.

A Hyundai também forneceu um serviço de pontuação de condução. Ira Gabriel, porta-voz da empresa, disse que os termos e condições do serviço de carro conectado Bluelink informavam aos clientes que os dados seriam compartilhados com a Verisk quando eles ativassem o sistema na concessionária.

A Verisk compartilhou os dados com as seguradoras apenas com o consentimento do cliente, segundo Gabriel. “A Verisk pagou à Hyundai por potenciais ganhos futuros de clientes que optaram afirmativamente pelo recurso de seguro”, disse ele em comunicado.

Hyundai e Honda se defenderam das acusações feitas pelos senadores (Imagem: Kirill Gorshkov/Shutterstock)