Saliva de larvas pode ajudar a reciclar plástico

Pesquisadores descobriram que as enzimas presentes na saliva das larvas podem destruir as moléculas do plástico
Alessandro Di Lorenzo05/08/2024 11h03
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Imagem: divulgação/Cesar Hernandez
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Uma descoberta feita por acaso pode ajudar a criar novas formas de reciclagem do plástico. Tudo começou quando uma larva comeu uma sacola. Desde então, pesquisadores trabalham para entender como as enzimas presentes na saliva destas criaturas podem destruir as moléculas do material.

Descoberta foi feita por acaso

A bióloga italiana Federica Bertocchini tem se debruçado sobre o tema. Ela cria abelhas de forma amadora e, ao limpar uma colmeia em sua casa, se deparou com a larva Galleria mellonella, conhecida como traça-da-cera ou traça-da-colmeia. 

Como a larva se alimenta da cera necessária para que as abelhas produzam o mel, Federica retirou as larvas da colmeia e as colocou em um saco plástico. Pouco tempo depois, notou que os insetos haviam feito furos nela.

Saliva de larvas podem digerir plástico (Imagem: divulgação/Simona Gaddi)

Especializada em biologia molecular, a bióloga notou que as larvas produziam um líquido pela boca após o contato com o plástico. Ao analisar a saliva do inseto, ela descobriu a presença das enzimas Ceres e Demetra, capazes de oxidar o polietileno, decompondo o material. Além disso, identificou que as larvas digeriam o plástico da mesma forma como digeriam alimentos.

Outras duas enzimas foram descobertas ao longo das pesquisas. As enzimas Cora e Cibeles também são capazes de introduzir oxigênio e destrui-lo. As quatro enzimas podem ser aplicadas em uma solução aquosa em temperatura ambiente. Em contato com materiais plásticos de baixa densidade, as enzimas provocam a formação de cetonas e outros compostos de degradação.

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Acúmulo de plástico é um problema global (Imagem: MOHAMED ABDULRAHEEM/Shutterstock)

Solução para diminuir quantidade de plástico no planeta?

  • Por ser feito por longas cadeias de polímeros com ligações muito fortes, o plástico é mais resistente à decomposição, podendo levar centenas de anos para passar pelo processo.
  • De acordo com os especialistas, ao introduzir moléculas de oxigênio, as larvas aceleram o processo de decomposição do material.
  • Apesar disso, a atuação delas seria pequena se comparada ao volume de plástico produzido pelos humanos e pelas indústrias. 
  • Além disso, infestar ambientes com insetos na tentativa de fazer com que comam os materiais pode ser perigoso.
  • Uma população desequilibrada de Galleria mellonella, por exemplo, pode desregular a comunidade de abelhas, dada a capacidade da larva de destruir colmeias.
  • As informações são do UOL.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.