Um estudo publicado recentemente na revista Contributions to Mineralogy and Petrology revelou que as deslumbrantes safiras azuis, muitas vezes comparadas a pedaços do céu na Terra, têm uma origem fascinante e complexa – e diferente do que se pensava até então.

Segundo a nova abordagem essas pedras preciosas se formam na fronteira entre a crosta terrestre e o magma que emerge do manto, a camada intermediária da Terra. A pesquisa foi conduzida pelo geólogo Axel Schmitt, da Universidade Curtin, na Austrália, durante seu tempo na Universidade de Heidelberg, na Alemanha.

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Anteriormente, acreditava-se que as safiras se formavam profundamente no manto ou nas partes inferiores da crosta terrestre. No entanto, o estudo de Schmitt revela que essas gemas nascem mais próximas da superfície, a cerca de cinco quilômetros de profundidade, no coração dos vulcões. “Podemos identificar esta região como o ‘cadinho’ onde a safira se formou”, explicou Schmitt ao site LiveScience.

Um cristal de safira de sedimentos do Kyll, um rio no oeste de Eifel, com aproximadamente 0,9 mm de diâmetro. Crédito: © Sebastian Schmidt

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Idade das safiras azuis é elemento-chave de suas origens

As safiras de qualidade gema geralmente são encontradas em depósitos de placer, que são sedimentos de rios que carregam minerais de suas rochas de origem. Contudo, sem essas rochas de origem, entender a formação dessas pedras preciosas torna-se um desafio. 

Para superar essa dificuldade, Schmitt e sua equipe estudaram a formação Eifel, no oeste da Alemanha, uma região vulcânica que se desenvolveu ao longo de milhões de anos, com a última erupção ocorrendo há cerca de 13 mil anos.

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A formação Eifel é considerada um local ideal para investigar a química e a idade das safiras, devido à sua semelhança com outros campos vulcânicos que produzem depósitos de placer de safira, mas sendo mais jovem e, portanto, mais acessível para pesquisa. 

Usando minúsculos grãos de safira não gemológicos, a equipe de Schmitt analisou as inclusões de urânio radioativo e chumbo nas pedras, determinando que elas se formaram há menos de 2,5 milhões de anos.

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Essas descobertas sugerem que as safiras se originaram na fronteira entre a crosta e o magma, em uma área onde as rochas superficiais são aquecidas, derretidas e misturadas em contato com o magma. A profundidade dessa formação foi estimada entre cinco e sete quilômetros abaixo da superfície.

Fotomicrografias de seções finas (luz polarizada plana) com grãos de safira in situ de material ejetado lítico com designações de amostra A CSK-05 (Laacher See Tephra) e B CSK-12 (Rockeskyll). Fotomicrografias focadas de safira detrítica de sedimentos do rio Nette (C, D). Créditos: Schmidt, S., Hertwig, A., Cionoiu, K. et al. 

Agora, Schmitt busca desenvolver “impressões digitais” minerais que ajudem a rastrear a origem das safiras, visando garantir práticas comerciais éticas na indústria de pedras preciosas. Isso é particularmente importante porque muitas safiras são extraídas em países em desenvolvimento, onde a regulamentação ambiental e os direitos humanos podem ser negligenciados. 

Embora as safiras não sejam associadas a conflitos como os “diamantes de sangue”, há preocupações com abusos de direitos humanos em algumas operações de mineração.