O X, de Elon Musk (e que você conhecia como Twitter) entrou, nesta terça-feira (6), com ação antitruste federal, nos EUA, contra uma coalizão de empresas, afirmando que ela boicotou, ilegalmente, o setor publicitário da plataforma.

Entre as supostas empresas, estão CVS Health, Mars e Unilever. No processo, a rede social alega que a coalizão conspirou para reter bilhões de dólares em “boicote publicitário massivo”, visando forçar a plataforma a manter determinados padrões de segurança, indica a ação apresentada no distrito norte do Texas, informa o The Wall Street Journal.

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Boicote publicitário ao X?

  • Segundo o processo, o boicote começou logo após sua aquisição por Musk, em novembro de 2022;
  • A coalizão teria iniciado o boicote por preocupações sobre a possibilidade de o X mudar seu conteúdo e padrões de segurança com o bilionário sul-africano no comando;
  • Ao menos 18 marcas associadas à coalizão deixaram de anunciar no X (quando ainda se chamava Twitter) entre novembro de 2022 e dezembro de 2022;
  • Até o ano seguinte, dezenas de outros membros do grupo cortaram gastos com anúncios feitos na rede social;
  • Segundo a plataforma, a coalizão violou leis antitruste ao, supostamente, forçar seus membros a participarem do boicote, no que o X chamou de “exercício coercitivo de poder de mercado”.

elon musk
Musk vem reclamando bastante da coalizão que teria boicotado sua plataforma (Imagem: Frederic Legrand – COMEO/Shutterstock)

As empresas citadas na ação antitruste pertenciam ao grupo World Federation of Advertisers, com dezenas de membros.

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Eles têm iniciativa denominada Global Alliance for Responsible Media, que pede por proteções para remoções de conteúdos prejudiciais, tais como de abuso sexual infantil e aqueles que promovem terrorismo, de modo a não ser colocado ao lado de anúncios de seus membros.

A Global Alliance for Responsible Media visualizou “o dano econômico massivo imposto ao Twitter pelo boicote. O boicote e seus efeitos continuam até hoje, apesar de o X aplicar padrões de segurança de marca comparáveis ​​aos de seus concorrentes”, alega o processo antitruste.

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Com a promessa de afrouxar as restrições de conteúdo para “encorajar a liberdade de expressão”, Musk foi criticado, pois, segundo pesquisadores e críticos, a rede social passou a permitir a proliferação de conteúdos odiosos e falsos.

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O X contestou as críticas e afirmou ter progredido na redução da disseminação dos conteúdos odiosos. Nem a World Federation of Advertisers, nem o X, atenderam a pedidos de comentários do Journal.

Contudo, Stephen Calkins, professor de direito na Wayne State University, e especialista em direito antitruste, afirma que o novo processo não tem semelhança com uma ação antitruste comum.

“Se as pessoas simplesmente mudaram os anúncios de compra de uma plataforma para outra, não está claro como isso prejudicará a concorrência e resultará em preços mais altos”, disse.

No ano passado, em reuniões no Capitólio, Musk reclamou de anunciantes boicotando o X e da Global Alliance for Responsible Media.

Em várias publicações no X nesta terça-feira (6), Musk incitou outras empresas que passam pela mesma situação a fazerem o mesmo que a plataforma. “Tentamos a paz por dois anos, agora é guerra”, disse.

Por outro lado, a CEO do X, Linda Yaccarino, vem tentando levar os anunciantes de volta à rede social. Mandando claror ecado aos anunciantes, em publicação nesta terça-feira (6), ela disse que “nenhum pequeno grupo deveria ser capaz de monopolizar o que é monetizado”.

“Eles conspiraram para boicotar X, o que ameaça nossa capacidade de prosperar no futuro”, disse Yaccarino, que usava um colar que dizia “liberdade de expressão”. “Isso coloca sua praça global, o único lugar onde você pode se expressar livre e abertamente, em risco a longo prazo”, prosseguiu.

Rebecca Haw Allensworth, professora antitruste da Faculdade de Direito da Universidade Vanderbilt, afirmou ao Journal que um problema com o processo do X é que não parece que os anunciantes cortaram gastos porque queriam suprimir a concorrência. 

“Parecia que eles fizeram isso porque não acreditavam nas políticas do X”, ela ponderou. Se o propósito principal era fazer isso, tal ação seria protegida pela Primeira Emenda, acrescentou.

A Rumble, plataforma de vídeo popular entre os conservadores como Trump, disse, na terça-feira (6), que também estava entrando com uma ação antitruste contra empresas que retiveram dinheiro para publicidades.

Fachada da Unilever com o logo da empresa
Unilever é uma das empresas citadas no processo (Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)

Para completar, a receita de anúncios do X caiu drasticamente no ano seguinte à compra da plataforma por Musk. Recentemente, contudo, o bilionário divulgou sua própria métrica interna, que ele alega mostrar uso recorde no X. Contudo, não temos como ter certeza dos números apresentados por ele.