Ha quase uma década, no Acordo de Paris, os países se comprometeram a limitar o aumento da temperatura global em 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Uma das principais alternativas para isso foi a adoção de diferentes formas de energia limpa.

Mais de 10 anos depois, essa alternativa pode passar por um desafio importante. Um estudo publicado na revista Energy and Environmental Science revelou que a alta na demanda por materiais pode desacelerar e evolução da energia limpa.

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Maioria das previsões aponta cenário positivo na evolução da energia limpa… mas pode não ser bem assim (Imagem: F.Schmidt/Shutterstock)

Avaliações sobre energia limpa estão otimistas demais

Os resultados obtidos desde o Acordo de Paris são medidos usando os chamados “modelos de avaliação integrada”. Tratam-se de modelos matemáticos que simulam cenários futuros e suas consequências devido às mudanças climáticas.

Esses modelos preveem um aumento significativo na implementação de energia limpa. Só que eles podem estar sendo otimistas demais.

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Um estudo conduzido pelas Universidades Rovira i Virgili, da Espanha, e Imperial College London, da Inglaterra, questionou a viabilidade desses objetivos serem realmente alcançáveis no que diz respeito à energia renovável.

Isso porque, segundo o trabalho, os modelos atuais não levam em conta a quantidade de material necessário para fabricar as tecnologias que possibilitam a energia limpa, como painéis solares, turbinas eólicas e baterias.

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Energia solar e eólica; energia limpa
Demanda por energia limpa pode ser maior do que produção pode aguentar (Imagem: hrui/Shutterstock)

Demanda por energia limpa significa demanda por materiais

O trabalho foi específico no que o aumento na procura por energia limpa significa: aumento na procura por materiais. Por exemplo, selênio e gálio, dois materiais que compõem os equipamentos, terão aumento na demanda em 571 e 531 vezes, especificamente, nos próximos 30 anos.

Isso exige aumento na mineração desses materiais, uma realidade que, segundo o estudo, é improvável.

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Para isso, a pesquisa analisou 36 materiais diferentes e descobriu que a demanda por grande parte deles excederia a produção atual antes de 2050. Telúrio, índio e cobalto teriam aumentos de 49, 17 e seis vezes na demanda, especificamente.

Ou seja, em breve, a procura por energia limpa não será acompanhada pelo ritmo de produção dos materiais que possibilitam a construção dos equipamentos.

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Pesquisadores propõem mudanças

  • Pensando nisso, os pesquisadores propuseram incorporar equações que levam em conta a disponibilidade de materiais, algo que tornaria essas previsões positivas em prol da energia limpa mais realistas;
  • Eles também propõem aumentar a capacidade de reciclagem de materiais e reduzir a dependência de matérias-primas;
  • Com isso, o estudo muda o paradigma positivo da energia limpa e pode provocar questionamentos nos próximos acordos internacionais.