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Produtos botânicos como cúrcuma e chá-verde podem parecer saudáveis e sem efeitos negativos, mas seu uso excessivo está cada vez mais associado a lesões hepáticas.
Uma nova pesquisa sugere que 4,7% dos adultos dos EUA estão usando pelo menos um dos seis principais produtos botânicos, o equivalente a 15,6 milhões de pessoas. Esse número é comparável ao de consumidores de medicamentos como estatinas e anti-inflamatórios não esteroides, reforçando a necessidade de mais regulamentação e supervisão desses suplementos. Muitos estão acabando em hospitais por toxicidade hepática, relatam os pesquisadores.
Como quase não há supervisão regulatória sobre os produtos botânicos, os testes químicos de produtos ligados a crises hepáticas “mostraram discrepâncias frequentes entre os rótulos dos produtos e os ingredientes detectados”, observou uma equipe liderada pela Dra. Alisa Likhitsup. Ela é professora assistente de gastroenterologia na Universidade de Michigan.
Os pesquisadores se concentraram no uso de seis dos produtos botânicos mais populares: cúrcuma, extrato de chá-verde, Garcinia cambogia, cohosh negro (black cohosh), arroz fermentado vermelho e ashwagandha (conhecida como ginseng indiano no Brasil). O estudo revelou que a toxicidade hepática relacionada a suplementos botânicos quase triplicou entre 2004 e 2014.
Além disso, análises químicas indicam que muitos produtos vendidos como suplementos possuem composições diferentes das informadas nos rótulos. Isso pode levar os consumidores a ingerirem quantidades perigosas de substâncias ativas sem perceber.
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Segundo os pesquisadores, os consumidores podem estar tendo uma overdose de produtos botânicos ou sendo enganados por rótulos que não refletem os ingredientes reais de seus suplementos. Isso pode estar fazendo com que mais pessoas acabem no hospital.
De acordo com uma base de dados nacional, os casos de toxicidade hepática ligados ao uso de botânicos, alguns graves ou mesmo fatais, quase triplicaram entre 2004 e 2014 — de 7% para 20% dos casos.
Além disso, a falta de regulação faz com que muitos produtos contenham ingredientes adicionais não declarados, como metais pesados e compostos sintéticos, aumentando os riscos de toxicidade.
Conforme o novo estudo, o consumidor mais comum desses produtos são mulheres com idade média de 52 anos, correspondendo a quase 75% dos usuários. Pessoas que tomam esses produtos também são mais propensas a lutar contra algum tipo de doença crônica, como artrite, distúrbios da tireoide ou câncer, em comparação com as que não usam os suplementos.
A equipe de Michigan acredita que é necessária melhor regulamentação e supervisão para proteger os consumidores. Entre as sugestões dos especialistas, estão a implementação de testes laboratoriais obrigatórios para garantir a segurança dos produtos e a exigência de rótulos mais precisos sobre ingredientes e dosagens recomendadas.
O uso de suplementos botânicos tem raízes profundas em diversas tradições medicinais ao redor do mundo. Essas plantas foram inicialmente utilizadas em práticas tradicionais e, com o tempo, ganharam popularidade global como suplementos dietéticos.
A transição dessas plantas de seus usos tradicionais para suplementos comercializados globalmente reflete uma busca crescente por alternativas naturais na promoção da saúde. No entanto, é essencial equilibrar o conhecimento ancestral com evidências científicas modernas para garantir o uso seguro e eficaz desses suplementos.
Esta post foi modificado pela última vez em 24 de março de 2025 10:49