A inteligência artificial (IA) tem ajudado pesquisadores a traduzir um dos textos mais antigos da Humanidade: o Épico de Gilgamesh, história sobre um rei divino escrita há quase quatro mil anos onde hoje é o Iraque. Até então, o processo era lento. Com a IA, desvendar mistérios do épico ficou mais fácil e rápido.

IA ajuda pesquisadores a traduzir epopeia escrita há quase 4 mil anos

  • A IA está sendo usada para traduzir o Épico de Gilgamesh, um dos textos mais antigos da Humanidade. A tecnologia tornou o processo mais fácil e rápido;
  • Redescoberto no século 18, o Épico de Gilgamesh ainda contém trechos incompletos ou não traduzidos. A expectativa é que uma versão completa, montada com ajuda da IA, seja publicada em breve;
  • Sob a liderança de Enrique Jiménez, a equipe do projeto Fragmentarium usa aprendizado de máquina para juntar digitalmente fragmentos de tabuletas com escrita cuneiforme. Isso acelerou o trabalho que antes dependia exclusivamente de assiriólogos humanos;
  • A tecnologia de IA ajudou a descobrir segmentos e centenas de palavras perdidas do épico. Isso aumenta a esperança de que futuras conexões entre escritos antigos possam ser estabelecidas e que eventualmente a história completa de Gilgamesh seja acessível.

O Épico de Gilgamesh foi redescoberto a partir do século 18, mas vários de seus trechos estavam incompletos ou sem tradução. Agora, a expectativa é que a versão montada com a ajuda da IA seja publicada em breve. E uma reportagem do jornal New York Times explora essa trajetória.

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Pesquisadores usam IA para traduzir história que inspirou parte da Bíblia

No projeto Fragmentarium, a IA traduz a escrita cuneiforme, ajudando a preencher algumas lacunas da epopeia – que serviu de inspiração para o dilúvio citado na Bíblia cristã.

Fragmentos têm ressurgido à medida que tabuletas são descobertas em escavações arqueológicas, encontradas em depósitos de museus ou identificadas no mercado negro.

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Livro de história aberto na parte sobre o Épico de Gilgamesh
Ainda falta cerca de 30% do Épico de Gilgamesh para se traduzir e decifrar (Imagem: joshimerbin/Shutterstock)

Para você ter ideia, existem cerca de meio milhão de tabuletas de argila nas coleções mesopotâmicas de vários museus e universidades mundiais, além de muitos mais fragmentos de tabuletas.

Como existem pouquíssimos especialistas em cuneiforme, muitos desses escritos permanecem não lidos e/ou não publicados. No caso do Épico de Gilgamesh, ainda falta cerca de 30%.

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Pesquisador segurando tabuleta com parte do Épico de Gilgamesh
Professor Enrique Jiménez lidera projeto que usa IA para acelerar tradução de um dos textos mais antigos da Humanidade (Imagem: Universidade Ludwig Maximilian, de Munique)

Liderado por Enrique Jiménez, professor no Instituto de Assiriologia da Universidade Ludwig Maximilian de Munique, a equipe do Fragmentarium usa aprendizado de máquina para juntar fragmentos de tabuletas digitalizados em um ritmo muito mais rápido do que um assiriólogo humano poderia.

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Até agora, a IA ajudou os pesquisadores a descobrir novos segmentos de Gilgamesh, bem como centenas de palavras e linhas perdidas de outras obras.

Épico de Gilgamesh é apenas um dos mistérios que podem ser desvendados com a ajuda da IA

De 2018 para cá, a equipe de Jiménez combinou com sucesso mais de 1.500 peças de tabuletas. Entram aqui 20 fragmentos de Gilgamesh que adicionam detalhes a mais de 100 linhas da epopeia. E Jiménez está otimista de que a IA permitirá que pesquisadores estabeleçam mais conexões entre escritos antigos.

Sua equipe concluiu seu trabalho com o Museu Britânico. Agora, trabalha com colegas no Museu do Iraque, em Bagdá, onde espera encontrar mais peças de Gilgamesh. Quem sabe, vivamos para ler a história completa.