A recente declaração de Elon Musk de que a produção de robôs humanoides feitas pela Tesla, com utilidade para produção em fábricas, serviços domésticos e afins, chegará já em 2025, reacendeu o debate sobre o futuro dessas máquinas na sociedade. Um artigo escrito por Steve Benford e Praminda Caleb-Solly, professores na área de Computação da Universidade de Nottingham, publicado no The Conversation, abordou o assunto. O texto questiona se estamos realmente próximos de uma revolução com robôs humanoides ou se essa ideia ainda permanece como uma fantasia que nunca se concretiza.

Segundo os autores, apesar de décadas de desenvolvimento, robôs humanoides úteis continuam sendo um sonho distante. Ele menciona o Tesla Optimus como um dos mais novos exemplos dessa tecnologia emergente, acompanhado de robôs, como o Atlas da Boston Dynamics e o Phoenix da Sanctuary AI. Esses robôs, projetados para imitar a forma humana, têm potencial para realizar tarefas repetitivas e perigosas, além de atuarem em indústrias de serviços e cuidados pessoais.

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Robô humanoide treina para trabalhar em fábrica da BMW. (Imagem: Figure / Divulgação)

O que barra a revolução na Indústria com robôs humanoides?

Os professores levantam questões importantes sobre a real necessidade desses robôs. Eles discutem os desafios de engenharia que dificultam a criação de máquinas que possam, de fato, substituir humanos em tarefas mais complexas, como locomoção em terrenos irregulares e manipulação de objetos com diferentes níveis de fragilidade.

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Um ponto crucial da análise é a ideia de que, ao tentarmos recriar versões de nós mesmos, podemos estar perpetuando desigualdades existentes. O artigo sugere que, em vez de focarmos em robôs que imitam o corpo humano, deveríamos integrar tecnologias robóticas em nossos ambientes e ferramentas, tornando-os mais acessíveis e adaptáveis para todos.

Robô humanoide da Neura Robotics cortando legumes. Imagem: Divulgação/Neura Robotics

A obsessão por robôs humanoides pode estar enraizada em um desejo quase divino de criar versões de nós mesmos, uma fantasia frequentemente explorada em obras de ficção científica distópica. Entretanto, Steve Benford e Praminda Caleb-Solly também reconhecem que, ao perseguirmos esse objetivo, podemos acabar desenvolvendo inovações tecnológicas impressionantes, mesmo que o objetivo final ainda seja incerto.

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Em termos gerais, o artigo sugere que, embora os robôs humanoides possam parecer o próximo grande avanço, ainda há muito a ser questionado sobre sua real necessidade e viabilidade. Afinal, eles são bastante caros e se, de fato, conseguissem, substituir humanos em muitas tarefas, geraríamos uma crise mundial sem precedentes, começando pelos países com as maiores fábricas. Por sorte, os indícios não apontam para que isso ocorra. Ao menos, não tão cedo.