Até hoje, os cientistas tentam entender melhor a morte dos dinossauros, ocorrida há 66 milhões de anos e causada por enorme asteroide.

Agora, um novo estudo traz mais evidências de que a rocha teria vindo de uma família de objetos formada além da órbita de Júpiter. Além disso, esse tipo de objeto raramente impacta a Terra.

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Estudo traz novidades sobre asteroide que acabou com dinossauros

  • Uma equipe liderada por Mario Fischer-Gödde, cientista pesquisador da Universidade de Colônia (Alemanha), reforçou o caso com a ajuda do elemento raro rutênio, abundante em asteroides, mas extremamente escasso na crosta terrestre;
  • Conforme o The New York Times, a equipe procurou por isótopos de rutênio nos remanescentes geológicos do impacto de Chicxulub, como é chamado o asteroide assassino;
  • Os resultados revelaram assinatura uniforme em toda a camada global de detritos deixada pelo impacto, conhecida por limite Cretáceo-Paleogeno (K-Pg);
  • Tal assinatura combina com a composição de um grupo de rochas espaciais, chamadas de asteroides carbonáceos, dado seu alto teor de carbono;
  • As informações são baseadas no estudo, publicado nesta quinta-feira (15) na Science.

Segundo Fischer-Gödde, “é o prego no caixão. Essa assinatura de isótopo de rutênio que medimos não pode ser outra coisa senão um asteroide carbonáceo”.

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Imagem renderizada de um T-Rex próximo da extinção
Imagem renderizada de um T-Rex próximo da extinção (Imagem: Herschel Hoffmeyer/Shutterstock)

Estudos passados apontaram assinaturas químicas na fronteira K-Pg, que também implicaram um asteroide carbonáceo na morte dos dinossauros que não eram aves, além de cerca de dois terços de todas as demais espécies na Terra.

Mas Fischer-Gödde e colegas se concentram, há anos, no rutênio. Por esse elemento estar ausente na Terra, são necessárias pequenas quantidades para associá-lo a impactos de asteroides do tipo carbonáceo, como o que dizimou os dinossauros.

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Como base, Fischer-Gödde e colegas mediram rutênio em amostras de cinco outros impactos de asteroides ocorridos no período recente de 541 milhões de anos.

Todos se alinharam com a composição de asteroides silicosos, classe formada mais próxima ao Sol do que carbonáceos e que estão concentrados no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. É dessa família que maioria dos meteoritos que acabam na superfície da Terra são.

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“Até agora, Chicxulub, entre os impactadores de 500 milhões de anos, parece ser caso único e raro de asteroide do tipo carbonáceo atingindo a Terra”, disse Fischer-Gödde.

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Os asteroides silicosos que impactam a Terra geralmente vêm desse cinturão de asteroides. Mas não está claro como um carbonáceo massivo acabou colidiu com a Terra.

Uma possível origem explicável é uma população de asteroides carbonáceos existente na borda externa do cinturão de asteroides. Apesar de essas rochas ter se formado inicialmente além de Júpiter, os cientistas pensam que instabilidades gravitacionais ocorridas no início do Sistema Solar as lançaram para sua posição atual.

Pesquisas anteriores lideradas por William Bottke, cientista planetário sênior do Southwest Research Institute, sugeriram que o objeto que matou os dinossauros poderia ter sido um desses asteroides carbonáceos do cinturão de asteroides.

Bottke afirmou que o novo estudo é “útil”, pois confirmou as prováveis ​​histórias de vários impactos na Terra, além de ter acrescentado “informações mais detalhadas às que estavam na literatura”.

David Kring, cientista principal do Instituto Lunar e Planetário da Associação Universitária de Pesquisa Espacial e especialista no impacto de Chicxulub, pontuou que “o estudo é uma aplicação notável de nova técnica analítica”.

“Identificar o tipo de impactador é importante, pois nos ajuda a avaliar a frequência de tais impactos no passado geológico e os riscos de tais impactos no futuro do planeta”, prosseguiu.

Muitos mistérios permanecem sobre o impacto de Chicxulub e sobre seu papel mais amplo quanto aos impactos de asteroides e suas relações no surgimento e evolução da vida na Terra e, quem sabe, em outros planetas.

Asteroides carbonáceos acabaram com várias espécies de vida na Terra, mas também podem ter ajudado a trazer água e outros ingredientes essenciais para a vida a nosso planeta, bem no início do Sistema Solar.

Imagem de asteroide atingindo a Terra
Novo estudo identifica origem do asteroide assassino (Imagem: m.mphoto/Shutterstock)

Além disso, apesar de o asteroide impactador de Chicxulub ter condenado os dinossauros, ao mesmo tempo, permitiu a ascensão dos mamíferos, incluindo nós.

“Sem esse impacto, como seria a nossa Terra hoje? Provavelmente deveríamos valorizar um pouco mais o fato de estarmos por aqui e talvez seja uma coincidência de sorte que tudo tenha chegado ao lugar como está hoje.”, concluiu o pesquisador.