A Lua Cheia de agosto é Superlua Azul? Entenda o fenômeno

Na segunda-feira (19), a Lua entra na fase cheia, com alguns chamando o evento de Superlua e até mesmo de "azul"; saiba o que significa
Por Flavia Correia, editado por Lucas Soares 16/08/2024 14h18, atualizada em 19/08/2024 20h59
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Nesta segunda-feira (19) tem início a lua cheia de agosto. Você pode ter lido ou ouvido falar por aí que esta será uma Superlua, com alguns veículos se referindo a ela também como “azul”. Mas, será mesmo que essas designações estão corretas?

Para saber, precisamos primeiro entender as definições de Superlua e de Lua Azul.

O que é uma Superlua?

De forma bem simples e resumida, uma Superlua ocorre quando o nosso satélite natural chega à fase completa em até 24 horas antes ou depois de atingir sua aproximação máxima com a Terra (ponto chamado de perigeu).

“Mas, sem saber o quão perto a lua cheia precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela lua cheia é uma Superlua”, explica o colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, que é presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).

Superlua sobre o King Abdullah Financial District, em Riade, na Arábia Saudita. Crédito: Yasser Alomari, vencedor da etapa nacional da Arábia Saudita do Sony World Photography Awards 2024

Segundo Zurita, até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com ele vir da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.

Talvez por isso a União Astronômica Internacional (IAU) não demonstrou, até hoje, nenhum interesse em normatizar o termo. “Tudo que temos são as definições informais para a Superlua”, disse Zurita, explicando que, no meio científico, os astrônomos preferem a referência “perigeu-sizígia” ou simplesmente “Lua Cheia no Perigeu”.

A distância da Lua em relação à Terra varia porque sua órbita não é perfeitamente circular – é ligeiramente oval, traçando um caminho chamado uma elipse. À medida que ela atravessa esse caminho elíptico ao redor do nosso planeta a cada mês, sua distância varia entre 356.500 km no perigeu e 406.700 km no apogeu (ponto mais distante).

Seguindo o conceito acima, a Lua precisa entrar na fase cheia em até 24 horas antes ou depois de chegar ao perigeu, certo? Neste ano, isso vai acontecer apenas em setembro e em outubro.

No caso de setembro, a fase cheia se inicia às 23h34 (horário de Brasília) do dia 17. O perigeu lunar será alcançado, por sua vez, às 10h22 do dia seguinte. Em outubro, acontece o oposto: a Lua atinge o perigeu no dia 16, às 21h50, e fica totalmente cheia no dia seguinte, às 8h26.

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Há quem diga que as luas cheias de agosto e novembro deste ano também sejam Superluas. No entanto, se for seguir à risca a concepção acordada do termo, elas não se enquadram.

Em agosto, a Lua só atinge o perigeu mais de 30 horas depois de ficar cheia. E, em novembro, quase 34 horas mais tarde. Certamente, o astro estará brilhante e imenso no céu nessas duas ocasiões, mas não oficialmente como uma Superlua.

Imagem: Reprodução/Vox

A Lua vai ficar azul no céu?

Sempre que a Lua chega duas vezes à fase cheia num mesmo mês, o segundo episódio é chamado de Lua Azul. Isso aconteceu em agosto do ano passado, mas neste ano o mês só tem uma lua cheia. Então, por que o evento está sendo chamado por alguns de Lua Azul?

De acordo com o guia de astronomia Starwalk.space, existem duas situações em que a Lua recebe essa designação. 

Uma é a Lua Azul calendária, que é justamente a mencionada anteriormente, quando ela fica cheia pela segunda vez num mesmo mês. A outra é a Lua Azul sazonal,  a terceira em uma estação com quatro luas cheias. Por regra, cada estação (definida pelos solstícios e equinócios) tem três meses de duração e três luas cheias, mas, às vezes, acontece de ter uma quarta.

Como a próxima lua cheia será a terceira do inverno, então, sim, ela será uma Lua Azul – mas, não, o nome não tem nada a ver com a coloração do astro. Em algumas ocasiões, pequenas partículas no ar (geralmente de fumaça ou de poeira) podem espalhar comprimentos de onda vermelhos de luz, fazendo com que a Lua pareça ligeiramente azulada sim, mas isso pode acontecer em qualquer lua cheia do ano e não é previsível.

As Luas Azuis sazonais são relativamente raras. Normalmente, temos 12 Luas Cheias em um ano astronômico, já que um ciclo lunar dura aproximadamente um mês. No entanto, sua duração exata é de 29,5 dias, o que significa que leva 354 dias para completar 12 ciclos lunares. Isso é menos do que os 365/366 dias em um ano. Então, a cada 2,5 a 3 anos, experimentamos uma Lua Cheia “extra” em uma estação .

Quais são as próximas datas de Lua Azul sazonal?

  • 19 de agosto de 2024;
  • 20 de maio de 2027;
  • 24 de agosto de 2029.

Como observar a Lua?

Para ver a Lua, basta olhar para a direção leste, que é o lado oposto em que o Sol estiver se pondo. A primeira hora após a aparição é o momento mais propício para observá-la. Conforme for ficando mais alta no céu, ela continuará igualmente ou até mais brilhante, mas nos parecerá menor e bem branca. 

Embora não seja necessário qualquer instrumento especial, quem tiver binóculos, telescópio ou uma boa câmera com zoom pode observar mais detalhes, como as crateras da superfície lunar, por exemplo.

Se o seu ponto de observação não for conveniente (caso o céu esteja nublado, ou o frio desanime a sair de casa para contemplar o fenômeno), é possível acompanhar tudo pela internet. 

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.