Pode ser que seu carro esteja equipado com uma peça feita de um material extraterrestre. Sabia disso? São as velas de ignição de irídio, populares ultimamente em carros modernos por sua durabilidade e eficiência, como traz a jornalista Paula Gama, do UOL.

Contudo, apesar de ter essas vantagens, a peça tem preço elevado por conta da raridade de sua matéria-prima, o irídio. Afinal, como obter um material que não existe originalmente na Terra?

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O irídio é extremamente raro na crosta terrestre, costumeiramente encontrado com depósitos de platina. Ele é duro e resistente à corrosão, o que o faz o componente ideal para as velas de ignição de maior durabilidade.

E por que colocá-lo nas velas de ignição de veículos? Basta analisarmos o quão importante essa peça é para carros com motores a combustão (veículos elétricos não necessitam dela).

Porção do metal caindo das mãos de uma pessoa
Irídio está ficando popular no Brasil (Imagem: Reprodução/Portal da Mineração)

As velas são cruciais para ligar os motores a combustão, pois criam a faísca que inflama a mistura de ar e combustível no cilindro do motor, de modo a criar o processo de combustão, fazendo o motor funcionar e mover o carro.

Essas peças eram feitas com cobre ou níquel, mas a evolução da tecnologia permitiu aos especialistas que utilizassem metais mais nobres – e é aí que o irídio entra.

Quando foi incluída a injeção de combustível diretamente na câmara de combustão, a precisão da ignição passou a ser ainda mais crucial. As velas de irídio surgiram como solução para garantir essa precisão, ao mesmo tempo que aumentam a durabilidade.

André De Maria, engenheiro mecânico e proprietário do Autocentro Confiar, em entrevista ao UOL

Irídio, o metal extraterrestre

  • O irídio é abundante em meteoritos;
  • Por isso, os cientistas acreditam que parte significativa que existe na crosta terrestre veio por impactos de vários meteoros ao longo de bilhões de anos;
  • Nos últimos anos, esse incrível componente virou padrão em velas de ignição;
  • As velas de irídio são comuns em veículos novos, especialmente em modelos asiáticos de montadoras, como Toyota, Honda, Kia e Hyundai.

As montadoras perceberam que as velas de irídio oferecem uma combinação ideal de durabilidade e eficiência, o que é crucial para motores modernos que exigem ignição precisa e confiável.

André De Maria, engenheiro mecânico e proprietário do Autocentro Confiar, em entrevista ao UOL

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Quais são suas vantagens?

As velas convencionais, chamadas de NGK, seguem amplamente utilizadas, mas os modelos fabricados com irídio, como a Iridium IX, vêm ganhando cada vez mais espaço por durarem até 125 mil quilômetros até precisarem serem substituídas. As velas comuns precisam ser trocadas a cada 20 mil quilômetros.

“Em alguns carros, o processo de troca de velas é um processo trabalhoso e de mão de obra cara, então quanto menos vezes você precisar fazer isso, melhor”, detalha De Maria.

E não é só a durabilidade que dá destaque às velas de irídio. Elas também ajudam na economia de combustível do veículo, pois uma faísca mais forte e consistente melhora a combustão do motor, permitindo que ele funcione melhor e consome menos combustível.

Mas, como falamos mais acima, essas velas são mais caras. Um conjunto do modelo tradicional custa R$ 90. Já um jogo de velas de irídio saem por R$ 300. “É um investimento que vale a pena pela durabilidade e pelo desempenho. Se você considerar que as velas de irídio duram até seis vezes mais, o custo-benefício é evidente”, salienta o especialista.

Vela de ignição de irídio
Velas de ignição de irídio são mais resistentes e duráveis (Imagem: BACHTUB DMITRII/Shutterstock)

Mais sobre o irídio

A quantidade de irídio utilizada na composição de uma vela de ignição é bem pequena, já que o metal custa em torno de US$ 6 mil (R$ 32,87 mil, na conversão direta) por onça-troy (o equivalente a 31,1 g, ou 480 grãos).

Se comparamos o preço do metal extraterrestre, ele é mais de três vezes superior ao do ouro. Analistas acreditam que a tendência é que o valor do irídio aumente cada vez mais.

Além da indústria automotiva, a aeroespacial e a eletrônica também desejam esse metal raro, pois, como dá para imaginar, em altas temperaturas, ele também mantém sua propriedade de alta resistência ao desgaste e estabilidade, como explica o Click Petróleo e Gás.

Confira algumas características particulares desse metal extraterrestre:

  • Ele é um metal branco prateado, tendo leve tom amarelado;
  • É muito denso e duro, e perde, em densidade, apenas para o ósmio;
  • Quando se fala em corrosão, não tem para ninguém: o irídio é o metal mais resistente nesse aspecto, e “derrota” ácidos, bases e água régia;
  • Seus pontos de fusão e ebulição são altos: 2.446 °C e 4.428 °C, respectivamente, mostrando que ele pode operar em locais de alta temperatura com certa tranquilidade;
  • Especula-se que o meteoro que matou os dinossauros foi um dos que trouxe o metal para a Terra;
  • Seu nome deriva do latim “iris”, que significa arco-íris. Ele ganhou essa nomenclatura dada as cores variadas de seus compostos.