Há alguns anos, Luis Elizondo, ex-oficial de inteligência dos EUA, chamou a atenção do mundo ao renunciar ao seu cargo no Pentágono, onde liderava um programa secreto destinado a investigar fenômenos anômalos não identificados (UAPs, na sigla em inglês), popularmente conhecidos como OVNIs – objetos voadores não identificados.

Ao sair, Elizondo denunciou publicamente o que considerava um excesso de sigilo, a falta de recursos e a resistência interna que, segundo ele, estavam impedindo o avanço das investigações. 

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Luis Elizondo, ex-funcionário do Pentágono, publica livro sobre os segredos do goerno dos EUA em relação a Ovnis. Crédito: Arquivo pessoal

Suas revelações foram acompanhadas por vídeos e depoimentos de oficiais da Marinha e da Aeronáutica que alegaram ter encontrado fenômenos aéreos inexplicáveis, o que levou a investigações no Congresso, mudanças legislativas e, em 2023, a uma audiência na Câmara dos Representantes dos EUA. Durante essa audiência, David Grusch, ex-oficial de inteligência da Força Aérea, afirmou que o governo federal recuperou objetos de origem não humana.

Agora, sete anos após deixar o cargo no Pentágono, Elizondo traz à tona novas revelações em suas memórias, intituladas “Imminent: Inside the Pentagon’s Hunt for U.F.O.s” (Iminente: Por dentro da caça do Pentágono aos OVNIs). Neste livro, o autor afirma que um programa secreto de recuperação de acidentes envolvendo OVNIs tem operado durante décadas.

Segundo ele, esse grupo ultrassecreto é formado por funcionários do governo, além de empreiteiros da indústria de defesa e aeroespacial, que trabalham em conjunto para recuperar tecnologia e restos biológicos de origem não humana.

Em 2023, o Congresso dos EUA promoveu uma audiência pública sobre avistamentos de OVNIs e a atuação do governo nesse sentido. Foram ouvidos os ex-aviadores da Marinha norte-americana, Ryan Graves e David Fravor, além de David Grusch, um ex-oficial de combate e veterano do departamento de inteligência do Pentágono. Crédito: Subcomitê de Segurança Nacional, Fronteira e Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA

A humanidade não é a única forma de vida inteligente no Universo, e não somos a espécie dominante.

Luis Elizondo

Livro recebeu autorização do Pentágono após revisão

O livro, publicado nos EUA pela editora HarperCollins na terça-feira (20), passou por uma revisão de segurança de um ano pelo Pentágono antes de sua liberação. No entanto, essa revisão não implica um endosso oficial às alegações de Elizondo. O jornal The New York Times (NYT) teve acesso antecipado ao livro, sob embargo, e divulgou alguns de seus principais pontos.

Segundo o veículo, Elizondo, que serviu como oficial de inteligência militar de alto escalão, detalha em “Imminent” sua luta dentro do programa para investigar esses fenômenos e sua persistente batalha por maior transparência desde sua renúncia em 2017. Ele também relata experiências pessoais com UAPs, incluindo orbes verdes que visitaram sua casa enquanto trabalhava no Departamento de Defesa.

No livro, Elizondo expressa preocupação com o potencial perigo que essas tecnologias podem representar para a humanidade, alertando que elas estão muito além do que qualquer nação é capaz de compreender ou replicar. Ele argumenta que as naves e a “inteligência não humana que as controla” representam uma questão de segurança nacional extremamente séria e, possivelmente, uma ameaça existencial à humanidade.

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Christopher Mellon, ex-vice-secretário adjunto de defesa para inteligência, que escreveu o prefácio do livro, ressalta que, sem Elizondo, o governo dos EUA provavelmente ainda estaria negando a existência dos UAPs e não estaria investigando o que pode ser “a maior descoberta da história da humanidade”.

Ovnis são monitorados há quase oito décadas

Segundo consta no livro, o programa liderado por Elizondo investigou uma variedade de incidentes, incluindo avistamentos, quase-acidentes e outros encontros entre jatos e UAPs. O programa também coletou dados sobre operações militares e de inteligência, capturando imagens de manobras extraordinárias dessas espaçonaves, observadas repetidamente por sensores avançados. 

Elizondo também revela que veículos com tecnologia além da próxima geração estão sendo monitorados desde a década de 1940. “Com o aumento das preocupações de segurança nacional durante a Guerra Fria, foi imposto um sigilo rigoroso sobre essas informações”.

Avistamento de Ovni por aeronave militar dos EUA. Crédito: Departamento de Defesa dos Estados Unidos

Embora muitas das descobertas feitas por esse programa permaneçam confidenciais, dois vídeos não classificados da Marinha sobre UAPs foram liberados ao público a pedido de Elizondo e divulgados pelo NYT em 2017, trazendo à tona a existência da unidade secreta de investigação de OVNIs do Pentágono.

Em entrevistas, Elizondo afirmou que suas autorizações de segurança o impedem de revelar a origem de seu conhecimento, mas que ele conseguiu a aprovação do Pentágono para publicar seu livro, utilizando informações de outras fontes cujos comentários já haviam sido liberados anteriormente. Ele também ressaltou que não recebeu permissão para discutir seu envolvimento em outros projetos secretos além do programa que liderou.

Elizondo, que continua atuando como consultor para o governo, conclui o livro alertando que nossos “visitantes” não parecem ser benevolentes e que talvez representem uma ameaça potencial à humanidade. “Não podemos mais ignorar essa realidade. Sabemos que não estamos sozinhos”.