Uma supertempestade geomagnética ocorrida em maio deste ano causou enormes alterações atmosféricas e, de acordo com especialistas, nunca antes vistas.

Segundo uma equipe de especialistas que monitorou o caso, essa foi a supertempestade mais forte ocorrida nos últimos 20 anos.

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Analisando a supertempestade geomagnética

Em 11 de maio, o fenômeno da aurora boreal (também conhecida como luzes do norte) foi avistado nos céus de estados localizados no Sul dos Estados Unidos – algo fora do comum para essa região.

Na mesma semana, alguns agricultores em regiões dos EUA e do Canadá reclamaram sobre sistemas de GPS de seus tratores não estarem funcionando.

O que os dois eventos têm em comum? Eles ocorreram por influência da supertempestade geomagnética.

Ilustração de trator de agricultura, mas com efeito brilhante
Crédito: CoreDESIGN/shutterstock.com

“As luzes do norte são causadas por partículas energéticas e carregadas que atingem a nossa atmosfera superior [Termosfera], que são impactadas por vários fatores no espaço, incluindo o Sol”, explica Scott England, via comunicado.

England é físico e atua como professor associado do Departamento de Engenharia Aeroespacial e Oceânica Kevin T. Crofton do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia (Virginia Tech), nos Estados Unidos, e é um dos coautores de dois estudos que analisam as anomalias causadas pela supertempestade.

Ainda segundo o especialista, o brilho da aurora boreal que ocorreu em maio e que pôde ser avistado em estados no Sul dos EUA ocorreu porque durante as tempestades geomagnéticas solares há uma quantidade muito maior de partículas energéticas carregadas no espaço ao redor da Terra.

“[…] Então conseguimos ver o brilho das luzes do norte, e a região sobre a qual você pode vê-las é aumentada, conseguindo incluir lugares como os 48 estados ao Sul, os quais nós geralmente não conseguimos ver o fenômeno.”

(Imagem: Artsiom P/Shutterstock)

A equipe de especialistas da qual England faz parte rastreou a supertempestade utilizando um equipamento da NASA chamado de GOLD, ou acrônimo para Global-scale Observations of the Limb and Disk.

O satélite orbita a Terra em uma órbita geoestacionária sobre o hemisfério ocidental e foi desenvolvido com a missão de medir a temperatura e a composição de gases neutros na ionosfera.

Foi inclusive por meio desse equipamento que os cientistas conseguiram identificar que a tempestade em questão foi a mais forte das últimas duas décadas.

Descobertas com a supertempestade

England observa também que, além das alterações acima citadas, a supertempestade também trouxe a formação de “padrões de redemoinho” que o físico diz ter avistado pela primeira vez.

Esse padrão se converteu em uma grande movimentação de ar que formou enormes vórtices que moviam o ar em uma espiral maior que a de um furacão, ainda de acordo com o especialista.

A supertempestade também trouxe partículas carregadas que podem ser divididas em dois grupos: um de baixa energia e outro de alta energia – este último pode prejudicar os seres humanos que trabalham no espaço e danificar equipamentos eletrônicos.

Já as partículas de baixa energia podem impactar negativamente equipamentos GPS, satélites e até mesmo a rede elétrica.

Agora a parte mais intrigante do fenômeno em si: é possível que mais atividades como essa ocorram dentro dos próximos meses.