Um grupo de mais de 100 cientistas iniciou um movimento global para tornar ilegal a criação de polvos e a venda de carne obtida por meio desta atividade. Segundo eles, a prática pode trazer grandes prejuízos para o desenvolvimento destes animais, bem como para todo o meio ambiente.

Polvos não são adequados para viver em cativeiro

  • A iniciativa dos cientistas, publicada na revista Science, é uma reação aos planos da empresa espanhola Nueva Pescanova, que lidera atualmente a criação de polvos no mundo, de abrir uma unidade nas Ilhas Canárias.
  • No local, seriam criados cerca de um milhão de animais anualmente para consumo humano.
  • Os especialistas alertam que os polvos têm um sistema nervoso grande e distribuído e que não são adequados para uma vida em um ambiente controlado, com dietas definidas e horários de alimentação regulamentados.
  • Eles explicam que estas condições prejudicam o desenvolvimento dos polvos e que diversos experimentos do tipo já se mostraram um fracasso no passado, com uma grande taxa de mortalidade entre os animais mantidos em cativeiros.
Animais não conseguem se desenvolver adequadamente quando estão em confinamento (Imagem: Victor1153/Shutterstock)

Leia mais

publicidade

Possíveis impactos ao meio ambiente

Além dos prejuízos aos polvos, a prática pode causar problemas ambientais. Isso acontece porque os animais acabam ficando estressados em situação de confinamento, se tornando mais vulneráveis a doenças e infecções.

E como os locais de criação de polvos costumam ficar ao longo de costas, a introdução de antibióticos, pesticidas, fungicidas ou outros produtos usados para tentar melhorar a condição dos animais acabaria fluindo para o oceano, gerando contaminação de outras criaturas.

Polvos confinados ficam vulneráveis a doenças e infecções (Imagem: Diego Grandi/Shutterstock)

Por fim, os cientistas afirmam que os animais não são usados para combater a fome no planeta, e sim para satisfazer a necessidade de poucas pessoas em pratos caros vendidos por restaurantes chiques. “Satisfazer os mercados de luxo não justifica as ameaças substanciais que as criações de polvos representariam para o bem-estar animal e os ecossistemas marinhos”, alerta o grupo.