Por conta das queimadas que assolam várias cidades do Estado de São Paulo e na Amazônia, a fumaça e a fuligem provenientes estão provocando vários fenômenos no Estado paulista.

Segundo o Climatempo, é esperada chuva escura neste domingo (25) no interior de São Paulo. A chuva escura é um fenômeno que ocorre quando nuvens de chuva encontram a fuligem de queimadas, deixando a água que cai do céu acinzentada.

publicidade

Estamos com transporte de fuligem das queimadas, tanto da Amazônia quanto do interior de São Paulo, em direção à Região Metropolitana e ao estado como um todo. A gente tem condição de chuva e ela pode vir com a presença de fuligem, o que faz ela ficar turva, escura.

César Soares, meteorologista da Climatempo, ao g1

Ainda, ventos fortes podem levantar a poeira e algumas cidades interioranas podem chegar a testemunhar tempestades de areia. Já na Região Metropolitana de São Paulo, os ventos podem chegar a velocidades de até 70 km/h, enquanto de Campinas (SP) até o norte do Estado, espera-se que eles cheguem a 90 km/h.

Neste domingo (25), siga com o casaco e os cobertores próximos, pois as temperaturas não passarão dos 14 °C.

Fumaça em estrada
Fumaça toma céu de várias cidades paulistas (Imagem: Arquivo pessoal)

Além da chuva escura

Na sexta-feira (23), cidades da Grande São Paulo testemunharam um céu cinza, com grande aspecto de poluição.

As queimadas em São Paulo, que começaram a ser registradas na quinta-feira (22) em vegetações próximas a rodovias do Noroeste paulista, causando transtornos a motoristas e moradores dessas regiões e além.

Casas evacuadas, rodovias bloqueadas, pessoas que não conseguiram chegar a seus destinos, péssimas condições de respiração por conta da situação extrema de poluição, aeroportos inoperantes e picos no fornecimento de energia elétrica e de água. Tudo isso está fazendo parte do caos vivido por conta das queimadas.

Foram registrados 2.316 focos de fogo, quase sete vezes mais do que agosto inteiro de 2023, quando foram contabilizados 352 incêndios. Dessa forma, São Paulo está no topo da lista de incêndios no Brasil no fim da semana, à frente de estados da Amazônia Legal.

No sábado (24), mais 305 focos de incêndio foram contabilizados pelo Banco de Dados de Queimadas (BDQueimadas), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), especialmente nas cidades de Cajuru (SP), Altinópolis (SP), Olímpia (SP) e Serra Azul (SP).

Ao todo, são 46 cidades em alerta máximo e em emergência por 180 dias, especialmente a região de Ribeirão Preto (SP), onde, segundo a Defesa Civil, à noite, 14 focos estavam ativos. Por lá, o fogo se aproximou de casas e forçou moradores de um condomínio de casas do bairro Alphaville a deixar o local.

Outras estradas voltaram a ser interditadas. A Rodovia Maurilio Biagi (SPA 343/322), entre Pontal (SP) e Sertãozinho (SP), foi uma delas. Isso aconteceu na estrada pela segunda vez na semana.

Ambos os sentidos ficaram paralisados e os passageiros de ônibus que estavam na região foram obrigados a descer e esperar para continuarem suas viagens. Outras rodovias afetadas foram a Carlos Tonani (SP-333) (também pela segunda vez) e a Rodovia Cândido Portinari (SP-334), em Brodowski (SP).

Na estrada que passa por Dumont (SP), a Rodovia Mário Donegá (SP-291) não foi interditada, mas sofreu com chamas na vegetação localizada às margens da pista.

Leia mais:

Sol vermelho
Fenômeno do Sol vermelho ocorro a partir de vários fatores (Imagem: Reprodução/X/@isahskywalker)

A Companhia Ambiental do Estado (Cetesb) mediu a qualidade do ar e constatou que houve piora desde sexta-feira (23), mudando a classificação para “muito ruim”, uma antes de “péssima”, a mais grave.

O órgão indicou que há concentração de até 190 microgramas de partícula MP10 por m³, conforme medição das 20h de sábado (24), com base na média das 24h anteriores.

Outro índice que caiu de forma preocupante foi a umidade relativa do ar, chegando a menos de 20%, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) prega que o índice ideal para os humanos é entre 50% e 60%.

Com isso, quem está nessa região está inalando, praticamente, apenas fumaça, obrigando o uso de máscaras. Essa mesma fumaça, além de prejudicar a saúde das pessoas e escurecer o céu, também fez com que o Aeroporto Estadual Leite Lopes, em Ribeirão Preto (SP), suspendesse pousos e decolagens no sábado (24).

Os picos de energia elétrica foram detectados em regiões onde as queimadas se aproximaram dos pontos de distribuição da rede. Ainda houve interrupção no fornecimento de água por conta do desligamento de 23 poços.

A Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) decretou a suspensão de todas as atividades físicas ao ar livre, incluindo jogos de futebol profissional. Dessa forma, a partida entre Botafogo/SP e Guarani, que seria realizada na cidade neste domingo (25) pelo Brasileirão Série B Betnacional 2024, foi adiada.

Algumas cidades já se anteciparam e cancelaram as aulas na rede pública nesta segunda-feira (26), como Pradópolis (SP). Isso, pois, mesmo com o avanço de nova frente fria, ainda há alerta de novas queimadas neste domingo (25), além dos ventos que seguem podendo chegar a 90 km/h e volume de chuva incapaz de segurar a poluição.

E a fumaça avançou para além de São Paulo. Brasília (DF), Goiânia (GO) e Belo Horizonte (MG) que estão há mais de 100 dias sem chuvas, também amanheceram, neste domingo (25) com o céu cheio de fumaça, conforme o Metrópoles.

Especialistas apontam que o fenômeno deve avançar cada vez mais para o centro do País, transportado pelo vento. Nessas regiões, não há registros de focos de incêndio, exceto em Goiânia (GO), onde, no sábado (24), foram combatidos vários focos, que contribuíram com o céu esfumaçado na região.

Ainda, assim como em Ribeirão Preto (SP), O Aeroporto Internacional de Goiânia cancelou oito voos pela manhã e operava com restrições para pouso por conta da visibilidade, informou o Metrópoles.

Sol vermelho encantou

  • Outro fenômeno causado pela poluição advinda das queimadas é o Sol vermelho;
  • Segundo especialistas ouvidos pela Folha de Italva, a cor do Sol é impactada pelo nível de qualidade do ar, segundo a intensidade de reflexão das partículas de poluição;
  • Quanto mais baixo no horizonte estiver nossa estrela, mais a mudança de sua coloração é percebida, pois isso potencializa o reflexo das partículas;
  • Dessa forma, o fenômeno é mais perceptível no início e no fim do dia;
  • O Sol vermelho também é causado por falta de chuvas e outras fontes de poluição.

E não é só o Sol que muda de cor. Além de tom acinzentado, o céu também tende a ficar mais amarelado em algumas partes do Brasil. A seguir, confira algumas reações aos fenômenos causados pelas queimadas: