Fim do ar-condicionado? Dispositivo de resfriamento se mostra mais eficiente e sustentável

Pesquisadores de Hong Kong criaram sistema diferente, que, além de não poluir, gasta menos energia
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Bruno Capozzi 27/08/2024 07h00, atualizada em 29/08/2024 21h37
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Conforme o calor se aproxima, o ar-condicionado entra em ação. Essa situação deve se tornar ainda mais comum fora da estação mais quente do ano, já que as temperaturas extremas e as ondas de calor já são realidade global.

No entanto, esse ciclo contínuo tende a aumentar ainda mais o aquecimento global e, além de piorar nossa situação, aumenta a conta de luz no final do mês. Mas isso pode mudar em breve. Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong desenvolveram sistema de resfriamento que promete ser mais eficiente e sustentável.

Pesquisadores da Universidade de Hong Kong ao lado do “ar-condicionado elastocalórico” (Imagem: Divulgação/Universidade de Hong Kong)

Ar-condicionado pode piorar aquecimento global

Segundo a Agência Internacional de Energia, organização francesa sem fins lucrativos que analisa eficiência energética, a quantidade de energia para resfriar casas e prédios deve mais que dobrar até 2050. Isso exige geração de energia maior – que nem sempre vem de fontes limpas.

Ainda, o ar-condicionado não é exatamente amigável ao meio ambiente. Além do gasto energético, os aparelhos usam gases refrigerantes tipo HFC, que podem aquecer muito mais que o dióxido de carbono quando são liberados na atmosfera.

O resultado não é só a poluição do ar, como também a contribuição negativa ao efeito estufa e a criação de ilhas de calor (principalmente nas cidades). O Olhar Digital já explicou como funciona um ar-condicionado aqui.

Artigo descreveu a invenção do invento, que tem eficiência 48% maior do que fontes anteriores de refrigeramento testadas pelos pesquisadores (Imagem: Divulgação/Universidade de Hong Kong)

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Novo dispositivo é mais sustentável e eficiente

Pensando nisso, os pesquisadores desenvolveram dispositivo de resfriamento elastocalórico, que, segundo eles, é 48% mais eficiente do que tentativas anteriores de resfriamento. Para isso, ele usa tecnologia totalmente diferente do ar-condicionado, anulando a necessidade de qualquer gás que possa ser tóxico ao meio ambiente.

Funciona assim:

  • O efeito elastocalórico acontece quando um material sólido muda sua forma reversivelmente a partir de força mecânica (seja aplicada ou removida). Diante dessa mudança, o material pode esfriar ou esquentar;
  • Essa técnica foi descoberta em 1980 e aplicada pela equipe em dispositivo de níquel-titânio usando materiais que podem mudar de forma quando estão frios (e voltar à forma original quando são aquecidos);
  • Segundo os pesquisadores, são três ligas com diferentes temperaturas de transição de fase para operar na extremidade fria, intermediária e quente;
  • Além de mais sustentável, a eficiência energética foi melhor (ou seja, a conta diminui).

É o fim do ar-condicionado?

Provavelmente não. Outras pesquisas com dispositivos elastocalóricos também estão em desenvolvimento ao redor do mundo – e funcionam. No entanto, ao contrário do ar-condicionado que já conhecemos, os dispositivos ainda não estão disponíveis comercialmente.

Em artigo publicado na Nature Energy, os pesquisadores destacam as vantagens do aparelho, sua eficiência e aplicações, que podem ajudar até baterias de carros elétricos a terem desempenho melhor. A equipe está confiante que, no futuro, esse tipo de tecnologia pode ser solução eficiente e sustentável no mercado.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.