Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta nesta segunda-feira (26) sobre a rápida elevação do Oceano Pacífico, que está criando um cenário catastrófico. De acordo com o relatório, duas cidades brasileiras – Rio de Janeiro e Atafona, no Norte Fluminense – serão diretamente afetadas pelo fenômeno.

O documento revela que o nível do mar subiu 15 centímetros nas últimas três décadas em algumas regiões do Pacífico. Nos dois municípios citados, esse aumento foi de 13 centímetros, mas o cenário para o futuro é ainda mais preocupante. Estima-se que o nível do mar nessas cidades possa subir até 21 centímetros até 2050, com uma média de 16 centímetros.

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Aquecimento no mundo em decorrência do El Niño. Crédito: Reprodução/MetSul

António Guterres, secretário-geral da ONU, destaca a gravidade da situação ao jornal O Globo. “O aumento do nível do mar tem um poder devastador sobre as cidades costeiras e as economias litorâneas. É urgente que os líderes mundiais ajam para reduzir drasticamente as emissões globais, promover uma transição justa para o fim dos combustíveis fósseis e aumentar os investimentos em adaptação climática”.

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Ilhas do Pacífico são as regiões mais vulneráveis ao aumento do nível do mar

O aumento do nível do mar é causado pelo aquecimento global, que acelera o derretimento das calotas polares. As ilhas do Pacífico são especialmente vulneráveis, pois as temperaturas dos oceanos nessa região estão subindo mais rápido que a média global. 

Com altitudes de apenas um a dois metros acima do nível do mar, cerca de 90% da população dessas ilhas vive a menos de cinco quilômetros da costa, e metade da infraestrutura está a apenas 500 metros do oceano.

O relatório da ONU alerta que os riscos para as áreas costeiras não vêm apenas da elevação do nível do mar, mas também da intensificação de marés de tempestade, marés normais e ondas. Além disso, o afundamento do solo, provocado por atividades humanas como a construção de barragens e a extração de água subterrânea, pode agravar ainda mais a situação.

As consequências vão além das cidades costeiras. Cientistas alertam que o deslocamento forçado de populações em áreas costeiras pode levar à migração para o interior, enquanto a perda de atividades econômicas, como a pesca e a agricultura, pode comprometer a segurança alimentar global. Estima-se que o aumento do nível do mar, já observado nas últimas duas décadas, colocou 14 milhões de pessoas em risco de inundações costeiras.

A frequência de eventos extremos, como o aumento do nível do mar, está projetada para crescer substancialmente nas próximas décadas, ocorrendo uma vez a cada 30 anos até metade deste século e uma vez a cada 5 anos até 2100. Com um aquecimento de 4,4°C, esses eventos poderão ocorrer anualmente até lá.

O que podemos fazer para evitar uma catástrofe climática?

A ONU é bem enfática sobre os riscos que corremos caso a humanidade não mude a forma de lidar com o meio ambiente. Mas apesar do tempo curto, a entidade diz que ainda há um caminho para evitar um colapso global por conta do nível dos oceanos.

Segundo Guterres, é necessário “reduzir as emissões globais em 43% em comparação com os níveis de 2019 até 2030, e 60% até 2035”. Ele pede que os governos apresentem novos planos nacionais de ação climática, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), até 2025, conforme prometido na conferência climática da ONU COP28, em Dubai, no ano passado.

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Trabalhadores constroem barreiras para combater a erosão marinha ao longo da costa de Tuvalu (Imagem: UNICEF/Lasse Bak Mejlvang)

O mundo deve se preparar para eliminar o uso de combustíveis fósseis, além de acabar com o desmatamento e criar um plano de ajuda para países mais vulneráveis. “O mundo deve aumentar massivamente o financiamento e o suporte para países vulneráveis. Precisamos de um aumento nos fundos para lidar com a agitação dos mares”, disse Guterres.