No último sábado (24), a NASA anunciou que os astronautas Butch Wilmore e Sunita Williams, atualmente “presos” na Estação Espacial Internacional (ISS), devem retornar à Terra somente em fevereiro de 2025, completando oito meses no espaço em vez dos oito dias inicialmente programados para a missão.

A decisão foi tomada em razão de problemas com a espaçonave Boeing Starliner, que foi utilizada na ida à estação em seu primeiro voo tripulado. A nova data de retorno ainda não foi confirmada, mas se ocorrer em fevereiro, os astronautas terão permanecido 240 dias consecutivos no espaço. Uma eventual partida em março pode estender essa permanência para 270 dias.

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Suni Williams e Butch Wilmore, membros da primeira missão tripulada da Boeing Starliner à ISS, em entrevista ao vivo para a NASA TV. Crédito: Reprodução NASA TV

Embora uma estadia prolongada no espaço possa parecer desafiadora, esse período não estabeleceria um novo recorde. Missões na ISS geralmente duram cerca de seis meses, mas podem ser estendidas por vários motivos, como experimentos ou imprevistos. 

Quem são as pessoas que passaram mais tempo no espaço

Frank Rubio, por exemplo, detém o recorde americano de 371 dias consecutivos no espaço, período alcançado devido a um incidente que danificou a espaçonave russa Soyuz que o traria de volta à Terra. Junto com os cosmonautas Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin, Rubio aguardou seis meses no laboratório orbital até a chegada de uma cápsula de substituição.

Da direita para a esquerda: Frank Rubio, astronauta da NASA, e seus companheiros russos da missão Soyuz MS-22 Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin. Crédito: Roscosmos

Já o recorde geral de permanência no espaço pertence ao cosmonauta Valeri Polyakov, que passou 437 dias na estação espacial Mir entre 1994 e 1995. Essa missão foi parte de um estudo sobre os efeitos do voo espacial prolongado na saúde humana. 

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Outro caso notável é o da astronauta Christina Koch, que passou 328 dias na ISS, o voo espacial mais longo realizado por uma mulher, e o de Scott Kelly, que ficou 340 dias no espaço como parte do estudo de gêmeos da NASA. Esse estudo comparou a saúde dele com a de seu irmão gêmeo, Mark Kelly, que permaneceu na Terra, revelando mudanças na expressão gênica, peso corporal e microbioma intestinal, entre outras.

A missão de Wilmore e Williams segue essa tradição de estadias prolongadas no espaço, o que oferece valiosos dados científicos. Embora possam enfrentar mudanças temporárias na saúde, como perda muscular e óssea, problemas de visão e imunidade reduzida, a maioria dessas alterações tende a se normalizar após o retorno à Terra. 

Além disso, o isolamento e o tédio podem impactar a saúde mental, mas esses desafios são considerados menores em comparação aos riscos de um retorno em uma espaçonave com problemas técnicos.

A Starliner, que levou os astronautas à ISS em junho, apresentou vazamentos de hélio e problemas em seus propulsores. Apesar de ter atracado com segurança na estação, meses de testes não conseguiram resolver completamente as falhas. A NASA, então, decidiu que, por questões de segurança, a Starliner retornará à Terra sem tripulação no início de setembro, enquanto Williams e Wilmore aguardam seu retorno em uma cápsula Dragon da SpaceX no ano que vem.