Como um cientista explicou a conexão de humanos com a água

Para o biólogo marinho Wallace J. Nichols, a água tem conexão com os seres humanos e pode ajudar no bem-estar
Por Ramana Rech, editado por Bruno Ignacio de Lima 28/08/2024 07h20, atualizada em 05/09/2024 11h22
fundo do oceano
fundo do oceano (Imagem: Shutterstock)
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O entendimento milenar de que a água tem um poder de cura, ficou esquecido e sofreu rejeição pela ciência ocidental. Mas, para o biólogo marinho Wallace J. Nichols, o oceano tem um papel fundamental na manutenção do bem-estar psicológico. Essa importância pode ser usada para defender ações de conservação do mar. O biólogo faleceu em junho deste ano, aos 56 anos.

Em seu livro Blue Mind, publicado pela primeira vez há uma década, trouxe um novo entendimento e apreciação pelos espaços azuis na sociedade moderna. Nichols defendia a interdependência e conexão do ser humano com a água.

Segundo artigo da pesquisadora de oceano e saúde humana na Universidade de Galway, na Irlanda Easkey Britton, a crença de Nichols deu início ao movimento blue mind (mente azul). O movimento busca tornar os preceitos trazidos no livro um conhecimento comum e acessível a todos. Além disso, defende atividades na água como forma de promover bem-estar e saúde.

Quem foi Wallace J. Nichols?

Nichols nasceu em 1967 em Nova York e teve uma infância que, segundo ele próprio, contou com grande presença de água. Ele estudou biologia marinha no início dos anos 90. Completou seu pós-doutorado na Universidade de Arizona, Estados Unidos, onde se especializou em conservação, genética e migração de tartarugas.

Onda no oceano via Silas Baisch/Unsplash
Onda no oceano via Silas Baisch/Unsplash

Ele e seus colegas ganharam renome ao rastrear por meio de satélite o trajeto de uma tartaruga chamada Adelita da Califórnia até o Japão em 1996. Essa foi a primeira vez em que um animal foi registrado atravessando uma bacia oceânica inteira.

O papel da água na vida das pessoas

Na visão de Nichols, o corpo pode entrar em um estado de “mente azul”, um lugar de calma e claridade. Treinar o corpo para chegar a esse estado mental pode servir como um mecanismo de sobrevivência vital para momentos de estresse extremo, como em situações que acionam mecanismos de fuga ou briga.

Ao surfar uma onda grande, por exemplo, o maior risco é ficar sem oxigênio quando o mar mantêm o surfista abaixo da superfície. Entrar em estado de “mente azul’ é essencial para permanecer calmo, em especial, no caso de profissionais que precisam enfrentar situações de crise com frequência.

Imagem: William.Visuals/Shutterstock

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Nichols também dizia que um oceano saudável pode ser o melhor lugar para passar o luto. Para ele, o oceano é capaz de pegar o medo e a emoção e absorvê-los.

Ramana Rech
Colaboração para o Olhar Digital

Ramana Rech é jornalista formada pela ECA-USP. Participou do Curso Estadão de Jornalismo Econômico e tem passagem pela Editora Globo e Rádio CNN.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.