A ciência prevê que, até 2060, a população global atingirá seu ápice, chegando a 10 bilhões de pessoas. No entanto, depois disso, esse número começará a cair. Em algumas partes do globo, como no Japão, o declínio do crescimento populacional já é uma realidade.

Alguns podem ver essa tendência como algo positivo para o meio ambiente. Se há menos pessoas na Terra, haveria, portanto, menos impactos ambientais. A linha de raciocínio é lógica, mas pode não ser totalmente verdadeira.

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População global já enfrenta os problemas iniciais que afetam crescimento – Crédito: Arthimedes – Shutterstock

No futuro, haverá menos pessoas na Terra

  • O despovoamento da Terra já está em andamento em regiões como a Europa, América do Norte e norte da Ásia, com taxas de fertilidade em queda há 70 anos.
  • A China, que era a nação mais populosa, está enfrentando uma rápida queda populacional devido à antiga Política do Filho Único, com previsão de ter dois terços a menos de pessoas até o final do século.
  • O Japão está em declínio populacional, com expectativa de que sua população caia pela metade até o fim do século. Até mesmo o Brasil, uma nação de renda média, registra o crescimento populacional mais lento de sua história.
  • O que está acontecendo é chamado de transição demográfica, na qual países rurais se industrializam e, consequentemente, as taxas de fertilidade caem.
  • Uma das principais causas disso é que as mulheres estão tendo menos filhos e mais tarde na vida.
  • A pandemia de COVID-19 também acelerou o processo ao aumentar as taxas de mortalidade e diminuir as taxas de natalidade.
  • Estima-se que, até 2100, a maioria (97%) das nações terão taxas de fertilidade abaixo dos níveis de reposição populacional.

O que a queda populacional significa para o meio ambiente?

O declínio populacional traz desafios econômicos, como a escassez de trabalhadores e o aumento da população idosa. Mas será positivo para o meio ambiente? A resposta é: depende.

Homem segura o globo do mundo todo verde
Os impactos ambientais não necessariamente diminuirão com uma população menor – Imagem: Thx4Stock/iStock

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Por exemplo, se analisarmos o consumo de energia de uma pessoa, veremos que ele muda ao longo do tempo. Aos 70 anos, costuma ser maior, já que nessa idade geralmente passamos mais tempo em casa. Ou seja, com a queda do número de jovens e o aumento da população idosa, o uso de recursos energéticos não necessariamente cairia também. A redução de impacto ambiental seria compensado e, no fim, não cairia significativamente.

Além disso, o impacto ambiental varia muito entre os países. Alguém que vive nos Estados Unidos ou na Austrália tem uma pegada de carbono quase o dobro de uma pessoa na China, o maior emissor global. Nações mais ricas consomem mais, então, à medida que mais territórios se desenvolvem e a população envelhece, é provável que mais pessoas contribuam para emissões mais altas.

Embora a queda populacional possa eventualmente reduzir o consumo global e aliviar a pressão sobre o meio ambiente, isso só acontecerá se também reduzirmos as emissões e mudarmos nossos padrões de consumo, especialmente nos países mais ricos. Caso contrário, o alívio para o meio ambiente não é garantido.

Os cientistas Andrew Taylor e Supriya Mathew, da Charles Darwin University, explicaram os pormenores envolvendo a ideia de “menos gente, menos impacto ambiental” em artigo publicado no The Conversation.