Um deslizamento de terra ocorrido nas margens do rio Chilcotin, na Colúmbia Britânica (Canadá), represou o curso d’água. Isso fez com que os moradores precisassem deixar suas casas e uma população de peixes, ameaçada de extinção, pode ter sido condenada, pois está presa do lado errado dos escombros.

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Montagem de imagens de satélite mostrando a evolução do rio após o deslizamento
Montagem de imagens de satélite mostrando evolução do rio após odeslizamento de terra (Imagem: NASA Earth Observatory)

Agora, novas imagens de satélite mostraram o rápido efeito do deslizamento. O peixe em questão é o salmão vermelho (Oncorhynchus nerka). Os que sobreviveram podem não conseguir sair de seu local de represamento, tampouco seus locais de desova, localizados rio acima.

Como foi o deslizamento que prendeu os peixes

  • O gigante deslizamento de terra ocorreu no final de 30 de julho, perto do Farwell Canyon;
  • Ele se deu cerca de 22 quilômetros rio acima de onde o Chilcotin se junta ao rio Fraser, despejando cerca de 18 milhões m³ de terra e rocha no curso d’água, bloqueando seu fluxo;
  • Conforme declaração de emergência da Colúmbia Britânica, em menos de 48 horas, o rio já tinha inchado significativamente, causando o rompimento de suas margens em diversos pontos e formando uma espécie de lago cheio de detritos atrás do bloqueio;
  • O Earth Observatory, da NASA, captou imagens que mostram todo esse triste desfecho do local;
  • O trecho entre o deslizamento e o rio Frazer está quase totalmente seco.

Imagem aérea mostrando o curso d'água
Fluxo d’água foi alterado após o incidente (Imagem: NASA Earth Observatory)

Por conta disso, as autoridades precisaram correr para ordenar a evacuação dos moradores que vivem próximo às margens a jusante do bloqueio, pois há o risco de a barragem se romper e liberar onda capaz de inundar os prédios e desencadear mais deslizamentos de terra. Segundo o LiveScience, não se sabe quantas pessoas foram evacuadas.

Em 5 de agosto, parte da represa acabou se rompendo e liberou muita água, que correu com força pelo leito do rio anteriormente vazio. O fluxo de água fluiu a 3,5 mil m³, mas a onda de água não causou outros danos.

Mas, infelizmente, o ocorrido terá grande impacto sobre o salmão vermelho, pois a maioria estava rio abaixo quando houve o deslizamento, segundo declaração do povo indígena Tŝilhqot’in, residente na região.

Além de alguns peixes terem, possivelmente, presos e sufocados na parte seca do rio, os possíveis sobreviventes que estavam no rio Fraser, como dito acima, enfrentarão problemas para chegar aos locais de desova, localizados a cerca de 72 km a montante da obstrução restante, no Lago Taseko, disse o Earth Observatory.

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Salmão vermelho parcialmente fora da água e com a boca aberta
Salmão vermelho está em extinção na Colúmbia Britânica (Imagem: Sergey Uryadnikov/Shutterstock)

Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) mantém a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas.

Nela, o salmão vermelho é listado como “menos preocupante” dado seu aumento em várias partes do mundo, mas os que vivem no rio Taseko está listada como “ameaçada” pelo Comitê sobre o Status da Vida Selvagem Ameaçada no Canadá, experimentando níveis recordes de desova antes do incidente.

Dessa forma, conservacionistas do povo Tŝilhqot’in estão preocupados com o futuro de sobrevivência do salmão vermelho.

Outras imagens de satélites subsequentes do Earth Observatory mostram que a mudança no fluxo do rio Chilcotin permitiu que a água levasse grandes quantidades de sedimentos do leito do rio, deixando a cor do curso d’água e do rio Fraser amarelo-amarronzados.

Mesmo isso não sendo definitivo, essa mudança na qualidade da água podem afetar ainda mais as espécies de água doce rio abaixo.

Paisagem da região após o deslizamento
Paisagem da região foi alterada e moradores tiveram que deixar suas casas (Imagem: NASA Earth Observatory)

Repetitivo

Não foi a primeira vez que o rio Chilcotin foi vítima de um deslizamento de terra. O povo Tŝilhqot’in nomeou a área que se encontra ao redor da hidrovia de Nahwentled, que quer dizer, em português, “deslizamentos de terra através do rio” na língua Athabaskan, segundo o Earth Observatory.

Contudo, o último deslizamento criou uma das obstruções mais significativas ao longo do rio nos últimos tempos.