Elon Musk, o bilionário por trás de empresas como Tesla e SpaceX, fez uma jogada arriscada em 2022 ao adquirir o Twitter por US$ 44 bilhões. No entanto, ele não estava sozinho nessa. Embora tenha utilizado uma parte significativa de sua própria fortuna para financiar a compra, Musk também recorreu a empréstimos bancários e atraiu uma série de investidores influentes, incluindo amigos próximos, magnatas do Oriente Médio e figuras importantes do Vale do Silício.

Na época, a capacidade de Musk de reunir tantos parceiros entusiastas para apoiar sua visão de transformar a plataforma chamou a atenção do mercado e de analistas. Entre os investidores estavam o Príncipe Saudita Alwaleed bin Talal, que converteu quase US$ 2 bilhões em ações do Twitter para participar do negócio, e Jack Dorsey, cofundador e ex-CEO da plataforma.

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Foto do CEO do Twitter, Jack Dorsey
Jack Dorsey, cofundador e ex-CEO do Twitter, participou dos investimentos para a compra da rede social por Elon Musk. (Imagem: Frederic Legrand – COMEO/Shutterstock.com)

Ambos, juntamente com outros investidores, acreditavam no potencial de Musk para revitalizar o Twitter e levá-lo a novos patamares. O Príncipe Alwaleed, por exemplo, expressou publicamente sua confiança em Musk, acreditando que ele seria um líder capaz de maximizar o potencial da rede social.

Desvalorização do Twitter (agora X) sob o comando de Musk

Dois anos após a aquisição, a realidade para os investidores é bem diferente. Sob a liderança de Musk, o valor de mercado do Twitter, agora renomeado para X, despencou. A Fidelity, uma das maiores gestoras de ativos, avalia atualmente a participação no X com uma queda expressiva de 72% em relação ao valor de compra, o que representa uma perda coletiva de bilhões de dólares para os principais investidores.

Estimativas indicam que os maiores investidores perderam, juntos, cerca de US$ 24 bilhões em valor.

Investidores principais e suas perdas

  • Elon Musk: investiu US$ 33,5 bilhões, hoje avaliado em US$ 9,38 bilhões, uma perda de US$ 24,12 bilhões.
  • Príncipe Alwaleed bin Talal: investiu US$ 1,89 bilhão, hoje avaliado em US$ 529,2 milhões, uma perda de US$ 1,36 bilhão.
  • Jack Dorsey: investiu US$ 1 bilhão, hoje avaliado em US$ 280 milhões, uma perda de US$ 720 milhões.
  • Larry Ellison: investiu US$ 1 bilhão, hoje avaliado em US$ 280 milhões, uma perda de US$ 720 milhões.
  • Sequoia Capital: investiu US$ 800 milhões, hoje avaliado em US$ 224 milhões, uma perda de US$ 576 milhões.
  • Vy Capital: investiu US$ 700 milhões, hoje avaliado em US$ 196 milhões, uma perda de US$ 504 milhões.
  • Binance: investiu US$ 500 milhões, hoje avaliado em US$ 140 milhões, uma perda de US$ 360 milhões.
  • Andreessen Horowitz: investiu US$ 400 milhões, hoje avaliado em US$ 112 milhões, uma perda de US$ 288 milhões.
  • Qatar Investment Authority: investiu US$ 375 milhões, hoje avaliado em US$ 105 milhões, uma perda de US$ 270 milhões.
Logo do X (ex-Twitter) à direita; à esquerda, a silhueta de Elon Musk
Sob o comando de Elon Musk, o Twitter foi renomeado para X e perdeu grande parte de seu valor de mercado. (Imagem: kovop/Shutterstock.com)

Entre os investidores, o Príncipe Alwaleed afirmou ao The Washington Post estar satisfeito com seu investimento, mesmo após as perdas significativas. Jack Dorsey não respondeu aos pedidos de comentário do jornal americano, mas demonstrou arrependimento em comentários públicos, afirmando que Musk não deveria ter comprado o Twitter.

Musk e a X Corp, e os investidores Larry Ellison, Sequoia Capital, Vy Capital, Binance e Andreessen Horowitz não responderam a pedidos de comentários do Washington Post. O Qatar Investment Authority se negou a comentar.

Desafios e futuro do X

A transformação do Twitter em uma empresa privada e sua subsequente reestruturação levaram à fuga de anunciantes, o que agravou ainda mais as dificuldades financeiras. Além disso, a compra está sob investigação da SEC por possíveis irregularidades na aquisição inicial das ações.

No momento, o X se encontra suspenso no Brasil após ter se recusado a acatar solicitações do Supremo Tribunal Federal (STF), e ter seguido com o fechamento do escritório da empresa no país. Com isso, a empresa não segue a exigência da lei brasileira de ter um representante legal no Brasil. Além disso, o X é investigado pela Comissão Europeia por usar “padrões obscuros” para enganar usuários.

O X agora foca em novas estratégias de monetização e parcerias com empresas de inteligência artificial, como a xAI. Contudo, o futuro da plataforma e dos investimentos realizados permanece incerto.