Em 2012, uma imagem de satélite revelou uma perspectiva rara e impressionante de um fenômeno conhecido como glória, semelhante a um arco-íris, que se formou próximo à Ilha de Guadalupe, no Oceano Pacífico, cerca de 240 km da costa oeste do México. 

Esse fenômeno, associado à geração de vórtices de nuvens incomuns pela massa terrestre, oferece uma visão fascinante da interação entre luz e atmosfera.

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Fenômeno glória registrado ao lado de vórtices de Von Kármán próximo à Ilha de Guadalupe, no México. Crédito: NASA / Terra / MODIS / Jeff Schmaltz

Glórias, assim como os arco-íris, são mostras de luz multicoloridas, mas se diferenciam na maneira como se formam. Enquanto os arco-íris surgem da combinação de reflexão e refração da luz solar em gotas de chuva, as glórias são criadas por difração para trás.

Isso ocorre quando a luz é refletida em gotículas de água muito pequenas, presentes em nuvens ou neblina, segundo o Observatório da Terra da NASA. Devido a essa característica, as glórias sempre aparecem no lado oposto ao Sol, no chamado ponto anti-solar.

Vórtices de Von Kármán aparecem na imagem ao lado da glória

A glória registrada pelo satélite pareceu se estender por mais de 480 km e, embora parecesse haver duas glórias paralelas, trata-se de uma única formação. Ao lado dessa glória, a imagem capturou uma sequência de redemoinhos de nuvens, conhecidos como vórtices de Von Kármán, que se afastavam da extremidade sul da ilha. 

Esses vórtices surgem quando o fluxo de ar é interrompido por uma massa de terra elevada, como uma cordilheira vulcânica, que na Ilha de Guadalupe atinge 1.300 metros de altura.

Embora a glória e os vórtices de nuvens sejam visíveis graças à presença de espessas nuvens estratocumulus que cobrem a região, não há conexão direta entre esses fenômenos.

Devido à aparência, as glórias às vezes são confundidas com arco-íris circulares. Crédito: ThaliaTraianou/Wikimedia Commons

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Normalmente vistas do solo ou do ar, as glórias aparecem como círculos multicoloridos concêntricos, resultado da luz difratada que irradia para fora ao retornar ao observador. No espaço, o satélite Terra capturou essa glória em faixas perpendiculares à sua trajetória, resultando em listras paralelas na imagem, com as cores invertidas entre si: de vermelho a azul à esquerda e de azul a vermelho à direita.

Até recentemente, as glórias eram observadas apenas na Terra ou nas densas nuvens de Vênus. Porém, em abril, astrônomos identificaram o que acreditam ser a primeira glória extrassolar no distante planeta WASP-76 b, a 637 anos-luz de distância, indicando que esses fenômenos podem ser mais comuns do que se imaginava.