Quando pensamos em abelhas, é comum associá-las aos insetos voadores com listras amarelas e pretas, que normalmente causam medo por conta do seu ferrão. No entanto, nem todas elas são assim.

Um novo trabalho de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) preparou informações importante sobre os diferentes tipos de abelhas – em especial as sem ferrão – e seu papel para o meio ambiente.

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Abelhas jataí, uma das espécies sem ferrão no Brasil (Imagem: Jonathan Wilkins -Wikimedia Commons)

Abelhas no Brasil se adaptaram

O trabalho foi realizado na horta da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo, localizado no bairro Cerqueira César, entre o centro e a zona oeste da capital.

Por lá, são quatro tipos de abelhas sem ferrão: jataí (Tetragonisca angustula), jataí-da-terra (Paratrigona subnuda), tubuna (Scaptotrigona sp) e boca-de-sapo (Partamona helleri).

Segundo as autoras envolvidas no trabalho, ao Jornal da USP, as abelhas que associamos às picadas são da espécie Apis mellifera, também conhecida como abelha-italiana, europeia ou africanizada. No entanto, o cruzamento entre as espécies europeias e africanas criou uma nova espécie híbrida, a Apis mellifera scutelatta, com alta capacidade de adaptação e produção de mel.

Livro mostra importância das abelhas sem ferrão e sua produção (Imagem: Divulgação/ FSP-USP)

E-book gratuito explicou importância das abelhas sem ferrões

A partir das abelhas sem ferrões da horta da USP, os pesquisadores Gabriel Belem Vasconcelos (Gestão Ambiental), Sabrina Marques Vasconcelos Bonfim (Gestão Ambiental), Samantha Marques Vasconcelos Bonfim (Nutrição) e Cláudia Maria Bógus (pedagoga) organizaram um e-book gratuito sobre a importância delas.

O trabalho interdisciplinar foi batizado de “Abelhas Sem Ferrão na Horta da Faculdade de Saúde Pública” e organizado em 13 partes. As primeiras trazem informações gerais sobre biodiversidade e polinização. Depois, passam pelo mundo das abelhas no geral, incluindo como elas vivem e suas contribuições para os humanos. Por fim, o livro digital aborda as espécies presentes na horta da USP, incluindo as abelhas sem ferrão, e plantas polinizadas por elas.

O e-book pode ser baixado gratuitamente no Portal de Livros Abertos da USP neste link.

Leia mais:

Como são as abelhas sem ferrão brasileiras

  • De acordo com os autores, a abelha Apis mellifera scutelatta é uma das mais de 20 mil espécies no mundo inteiro. Elas variam de tamanho, cor, habitats e hábitos sociais;
  • No Brasil, são cerca de 3 mil espécies, incluindo cerca de 300 espécies sem ferrão espalhadas por todos os biomas brasileiros;
  • As abelhas sem ferrão (também chamadas de nativas ou indígenas) recebem esse nome porque têm o ferrão atrofiado, perdendo a capacidade de dar ferroadas;
  • A maioria delas é inofensiva aos humanos e conta com outras técnicas de proteção, como construir seus ninhos próximos a abelhas defensivas (com ferrão), mordendo ou se enrolando no cabelo ou pele dos intrusos;
  • A produção da abelha sem ferrão varia desde produtos nutricionais e culinários, como mel, pólen e leveduras, até medicinais, como própolis e hidromel. Elas também colaboram com práticas artesanais, como cera para vedação de cestos e cerume para confecção de velas e brinquedos;
  • No livro digital, os autores ainda abordam o potencial medicinal e/ou alimentício das plantas polinizadas por essas abelhas, como a babosa, cúrcuma e hortelã.