As abelhas conseguem tomar decisões de forma rápida e precisa. E isso poderia impactar o futuro da IA (inteligência artificial), ao ajudar a projetar robôs e máquinas autônomas mais eficientes, por exemplo. É o que defende um estudo de cientistas da Universidade de Sheffield (Inglaterra), publicado na revista científica eLife.

Para quem tem pressa:

  • O funcionamento do cérebro das abelhas pode impactar o futuro da IA, segundo um estudo;
  • Os cientistas mapearam como as abelhas tomam decisões de forma rápida e precisa em relação a quais flores valem a pena explorar;
  • Segundo os pesquisadores, isso pode inspirar uma nova geração de robôs e máquinas autônomas que “pensam igual abelhas”;
  • Ainda de acordo com o estudo, robôs e máquinas desse tipo seriam mais eficientes do que os modelos que existem atualmente.

O estudo revelou as estratégias complexas que as abelhas usam para decidir quais flores valem a pena explorar. Quem liderou a pesquisa foi HaDi MaBouDi, do Departamento de Ciência da Computação da universidade, junto do professor Andrew Barron, da Universidade Macquarie, em Sydney (Austrália).

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Apesar dessa complexidade, a pesquisa revelou como os insetos tomam decisões rápidas sobre onde procurar néctar. Suas decisões são altamente precisas – mais do que as dos humanos – apesar do cérebro da abelha ser do mesmo tamanho de uma semente de gergelim.

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O estudo aprimorou a compreensão de como o cérebro das abelhas funciona e evoluiu. E os cientistas de Sheffield dizem que isso pode inspirar uma nova geração de robôs e máquinas autônomas que “pensam como abelhas” – isto é, são capazes de tomar decisões rápidas, precisas e eficientes de forma autônoma.

Como o estudo foi feito

Abelha sobre folha amarelada
(Imagem: Charles G. Sharp/Wikimedia Commons)

Os pesquisadores treinaram 20 abelhas para reconhecer cinco flores artificiais de cores diferentes. As flores azuis sempre continham calda de açúcar, as flores verdes sempre continham água tônica com um sabor amargo que as abelhas não gostam e as cores restantes às vezes continham glicose.

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A equipe então apresentou às abelhas um jardim projetado sob medida, onde as flores tinham apenas água destilada para testar seu desempenho em diferentes cenários. Os pesquisadores filmaram cada abelha, depois rastrearam seu caminho e cronometraram quanto tempo levaram para tomar uma decisão sobre qual flor visitar.

Os resultados mostraram que se as abelhas estivessem confiantes de que uma flor teria comida, elas rapidamente decidiriam pousar nela – em média, em 0,6 segundos. Se tivessem certeza de que uma flor não teria comida, tomariam uma decisão com a mesma rapidez.

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Os cientistas então construíram um modelo de computador com o objetivo de replicar o processo de tomada de decisão das abelhas. Após a revisão, eles descobriram que a estrutura de seu modelo de computador parecia muito semelhante ao layout físico de um cérebro de abelha.

Modus operandi das abelhas

Abelha sobre flor amarela
(Imagem: Andreas Trepte/Wikimedia Commons)

Cada vez que uma abelha sai para coletar néctar, por exemplo, ela deve usar pequenas variações de cor ou odor para decidir em qual flor ela deve pousar e explorar, explicou MaBouDi.

Cada erro custa caro, gastando energia e expondo o inseto a perigos potenciais. Para aprender a refinar suas escolhas por meio de tentativa e erro, as abelhas só têm à disposição um cérebro do tamanho de uma cabeça de alfinete. No entanto, elas se destacam nessa tarefa, sendo rápidas e precisas.

HaDi MaBouDi, pesquisador do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Sheffield

O que os pesquisadores fizeram neste estudo foi revelar os mecanismos subjacentes que impulsionam essas notáveis ​​capacidades de tomada de decisão, explicou MaBouDi. “Agora podemos usá-los para projetar robôs e máquinas autônomas melhores e mais robustos que podem pensar como abelhas – alguns dos navegadores mais eficientes do mundo”, disse.

Uma abelha melífera tem um cérebro menor que uma semente de gergelim e, no entanto, pode tomar decisões com mais rapidez e precisão do que nós. Um robô programado para fazer o trabalho de uma abelha precisaria do backup de um supercomputador.

Andrew Barron, professor da Universidade Macquarie

Com informações da Universidade de Sheffield

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