A laqueadura é um método contraceptivo cirúrgico que consiste em cortar, amarrar ou obstruir as trompas de Falópio responsáveis por conectar os ovários ao útero. Por muito tempo, foi considerada a forma mais eficaz de evitar gravidez. No entanto, casos de gestação após o procedimento já foram registrados e, na verdade, são mais comuns do que o esperado.

Um novo estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, descobriu que a gravidez acidental pode ocorrer em mais de 5% das pessoas que realizaram a laqueadura. Os detalhes da investigação foram publicados na revista NEJM Evidence.

publicidade
Ilustração de como é feita a laqueadura. Procedimento consiste em cortar, amarrar ou obstruir as trompas de Falópio – Imagem: ChipVector/Shutterstock

Laqueadura não é o método mais seguro que existe

  • Segundo o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), a taxa de gravidez após laqueadura é de cerca de 1% em 5 anos. No entanto, esses dados se baseiam em informações coletadas nas décadas de 1970 e 1980.
  • O novo estudo analisou dados de mais de 4 mil americanas com idade entre 15 e 44 anos que realizaram laqueadura entre 2013 e 2015.
  • Em um ano após o procedimento, cerca de 3% desse grupo engravidou. Depois de dez anos, essa taxa aumentou para 8,4%.
  • Uma estimativa geral aponta que os casos de gravidez acidental após laqueadura podem ocorrer em pelo menos 5% dos casos.
  • Outro estudo também confronta a ideia de que o procedimento é o mais eficaz. A análise realizada na Califórnia mostrou que 2% das pacientes que realizaram laqueadura engravidaram em um ano, e mais de 6% em cinco anos.
Todas as grávidas e puérperas são inclusas no grupo prioritário de vacinação pelo Ministério da Saúde
Gravidez após laqueadura pode ser arriscada e ameaçar a vida da mãe – Imagem: Free-Photos (Pixabay)

Leia mais:

Quais são os riscos da gravidez em mulheres laqueadas?

Antes de passarem pelo procedimento de laqueadura, a maioria das mulheres recebe a informação de que não precisam usar outras formas contraceptivas para se proteger da gravidez devido à eficácia do método. Em 2019, após engravidar depois da cirurgia, uma delas relatou ao Medical Xpress que os médicos disseram que essa era a opção “mais próxima de 100% [de eficácia] que você pode chegar.”

Dependendo do tipo e de como o procedimento é feito, a infertilidade não é garantida, podendo inclusive gerar uma gestação de risco. A laqueadura aumenta as chances de gravidez ectópica, quando um óvulo fertilizado se fixa e cresce fora do útero, tornando-se inviável e ameaçando a vida da mãe.

São raros os casos em que o óvulo escapa das trompas obstruídas e fica flutuando entre o ovário e o útero. No entanto, isso pode acontecer, aumentando o risco de gravidez. Em contraste com essa possibilidade perigosa, o dispositivo intrauterino ou um implante contraceptivo são atualmente os mais confiáveis e seguros, com 99% de eficácia.

Os cientistas que fizeram a descoberta agora pretendem investigar as taxas de falha de diferentes tipos de laqueadura e compará-las. Eles ainda sugerem que os procedimentos contraceptivos sejam continuamente monitorados para entender seus riscos e impactos.