No último mês, o número de manchas observadas na superfície do Sol atingiu o maior patamar em quase 23 anos, de acordo com novos dados divulgados pelo Centro de Previsão do Clima Espacial (SWPC). O total foi mais que o dobro do previsto inicialmente, indicando que o máximo solar, período de maior atividade do astro, já está em curso e será mais intenso do que o esperado pelos cientistas.

Manchas solares são regiões na superfície da estrela onde ocorrem explosões de radiação eletromagnética, resultando em áreas relativamente mais frias que, vistas da Terra, parecem manchas escuras. Essas manchas, as erupções que nelas se originam e as eventuais ejeções de massa coronal (jatos de plasma solar), são indicativos do progresso do ciclo solar, que dura aproximadamente 11 anos.

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Manchas desaparecem ou são raras durante o mínimo solar

Durante o mínimo solar, a fase menos ativa do ciclo, as manchas são raras ou inexistentes. Por exemplo, no final de 2019, antes do início do atual Ciclo Solar 25, houve um período de 40 dias sem manchas visíveis. No entanto, à medida que o campo magnético do Sol se torna mais instável, o número de manchas solares aumenta rapidamente até atingir o máximo solar. Nesse ponto, o campo magnético do astro se inverte, desencadeando uma redução gradual na atividade até que o ciclo recomece.

Em agosto, a média diária de manchas no Sol foi de 215,5, conforme reportado pelo SWPC, operado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA. A última vez que esse número foi tão elevado ocorreu em setembro de 2001, durante o Ciclo Solar 23, com uma média de 238,2 manchas.

Agora é oficial: agosto de 2024 tem o maior número mensal de manchas solares para o Ciclo Solar 25 até agora, sendo o mais alto desde setembro de 2001, há 23 anos. A imagem acima mostra um mês de registros, de 1º a 31 de agosto. Crédito: Imagem via NASA e JHelioviewer

O pico ocorreu no dia 8, quando foram observadas 337 pontos em um único dia, o maior número em 24 horas desde março de 2001. Esses números reforçam a suspeita de que já estamos no máximo solar, embora a confirmação só possa ocorrer quando o número de manchas começar a diminuir.

Quando o Ciclo Solar 25 começou, em 2020, cientistas do SWPC previram que seria relativamente fraco, semelhante ao Ciclo Solar 24, que atingiu seu máximo em 2014. Estimava-se que o número médio de manchas solares em agosto de 2024 seria de 107,8, muito abaixo do registrado.

O aumento das manchas não é o único sinal de um máximo solar em andamento. Em maio, a Terra foi atingida pela tempestade geomagnética mais forte em 21 anos, seguida por uma explosão solar de magnitude X8,7, a mais intensa desde 2017. 

Como o máximo solar pode durar até dois anos, a atividade solar pode continuar a crescer, com potenciais impactos na infraestrutura terrestre e na operação de satélites.