A hepatite C afeta aproximadamente 58 milhões de pessoas em todo o mundo e causa cerca de 300.000 mortes anualmente. Apesar de diversos tratamentos existentes, nenhum conseguiu reduzir eficazmente a prevalência global da doença, o que tem impulsionado a busca por uma vacina.

Um dos maiores desafios tem sido o conhecimento limitado sobre o complexo proteico que o vírus usa para infectar as células humanas, o que dificultou o desenvolvimento de vacinas eficazes. Recentemente, uma equipe de pesquisa interdisciplinar da Universidade de Copenhague fez um avanço significativo ao identificar pela primeira vez a estrutura do complexo proteico na superfície do vírus da hepatite C.

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Esta descoberta é comparável à identificação da proteína spike no coronavírus, embora o complexo proteico do vírus da hepatite C tenha uma estrutura diferente.

O professor Jannick Prento, que liderou o estudo, afirmou que a compreensão dessa estrutura é crucial para a criação de candidatos a vacinas que podem bloquear a infecção.

Mais detalhes do estudo

  • O complexo proteico desempenha um papel essencial na ligação do vírus às células humanas.
  • Os pesquisadores conseguiram expressar e isolar esse complexo, um feito desafiador devido à sua fragilidade e à dificuldade em manter sua integridade fora das células.
  • Com essa nova compreensão, os cientistas esperam desenvolver vacinas que induzam o sistema imunológico a produzir anticorpos capazes de se ligar efetivamente ao vírus e neutralizá-lo.
Ilustração 3D de um fígado atingido pela hepatite C
Cientistas esperam criar vacinas que induzam o sistema imunológico a produzir anticorpos capazes de neutralizar o vírus – Imagem: Explode/Shutterstock

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O estudo também destacou a colaboração entre dois departamentos da Universidade de Copenhague: o Departamento de Imunologia e Microbiologia e o Departamento de Ciências Biomédicas. A parceria foi fundamental para superar os desafios técnicos envolvidos na identificação e estudo da estrutura do complexo proteico.

Jannick, trabalhando inicialmente com o pós-doutorado Elias Augestad, buscou a colaboração de Pontus Gourdon e Kaituo Wang, especialistas em proteínas de membrana, para completar o projeto.

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Nature e representam um avanço importante na luta contra a hepatite C. Com essa descoberta, os pesquisadores esperam abrir novas possibilidades para o desenvolvimento de vacinas e tratamentos que poderão reduzir significativamente a carga global da doença e melhorar a saúde pública.

Vidros de laboratório com amostras de sangue infectado por hepatite
Descobertas do estudo oferecem uma nova esperança para a erradicação da hepatite C – Imagem: Babul Hosen/Shutterstock