Como a água em Marte desapareceu? Hubble pode ter a resposta

As descobertas sugerem que as mudanças nas condições atmosféricas de Marte tiveram um papel significativo no processo de perda da água
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 12/09/2024 14h59
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Representação artística do Planeta Vermelho. Crédito: Sergei Voevitko - Shutterstock
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Novos dados coletados pelo telescópio espacial Hubble e pela missão MAVEN, da NASA, podem colocar um ponto final nas discussões sobre a existência de água (e como ela desapareceu) em Marte. As descobertas sugerem que as mudanças no planeta vermelho tiveram um papel significativo no processo de perda da sua água para o espaço.

Marte passou por grande mudança

  • Cientistas tentam descobrir há décadas o que teria acontecido em Marte.
  • O planeta já foi quente e úmido há três bilhões de anos, quando todos os dados indicam que existiam grandes quantidades de água cobrindo sua superfície.
  • Hoje, no entanto, o planeta é frio e seco.
  • Para tentar entender o que aconteceu, pesquisadores combinaram dados do Hubble e da MAVEN para medir a quantidade e taxa de fuga dos átomos de hidrogênio para o espaço. 
  • Os resultados foram descritos em estudo publicado na revista Science Advances.
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Condições climáticas de Marte podem mudar rapidamente, revelou novo estudo (Imagem: NASA/JPL-Caltech/ASU/MSSS)

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Desaparecimento da água pode ter relação com o Sol

Cientistas explicam que a luz do Sol teria quebrado as moléculas de água na atmosfera marciana em átomos de hidrogênio e oxigênio. Durante o estudo, a equipe usou o hidrogênio e o deutério, um átomo de hidrogênio com um nêutron em seu núcleo. Este nêutron torna o deutério duas vezes mais massivo que o hidrogênio, fazendo com que escape bem mais devagar que o hidrogênio comum. Com o tempo, mais hidrogênio foi perdido, o que faz com que a proporção de deutério aumente.

Apesar de muitos dos dados usados terem vindo da missão MAVEN, os instrumentos dela não conseguem detectar as emissões do deutério durante o ano marciano inteiro. Isso acontece porque diferentemente da Terra, Marte se afasta mais do Sol durante o inverno em sua órbita, fazendo com que as emissões de deutério fiquem mais fracas.

Dados do telescópio Hubble foram usados no estudo (Imagem: divulgação/NASA)

Foi aí que o telescópio Hubble entrou na jogada. Os dados dele preencheram as lacunas dos ciclos anuais marcianos e revelou que as taxas de escape do hidrogênio e do deutério aumentam de forma significativa quando o planeta está mais perto do Sol, o que coincide com o aumento de vapor na atmosfera média, causada pelo aquecimento sazonal.

Isso significa que as condições atmosféricas podem mudar rapidamente. Segundo os cientistas, quando Marte se aproxima do Sol, as moléculas de água sobem rapidamente, liberando os átomos a altas altitudes. 

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.