Lula “alienígena” é registrada a 3,3 mil metros de profundidade

A lula bigfin foi gravada nadando a uma profundidade de 3,3 mil metros, por uma câmera acoplada a um módulo de pesquisa
Flavia Correia20/09/2024 10h48
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Lulas bigfin são observadas apenas algumas vezes, então pouco se sabe sobre seu comportamento. Crédito: Centro de Pesquisa de Mar Profundo Minderoo-UWA e Inkfish.
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Imagens raras de uma lula bigfin, famosa por sua aparência alienígena e tentáculos extremamente longos, foram registradas recentemente nas profundezas do Oceano Pacífico. 

O vídeo foi capturado por cientistas do Centro de Pesquisa de Mar Profundo Minderoo-UWA e da Inkfish, como parte da Expedição Tonga Trench 2024. A missão, que está sendo realizada de julho a outubro, visa explorar a Fossa de Tonga, a segunda fossa oceânica mais profunda do planeta, utilizando submersíveis e módulos de aterrissagem para mapear e pesquisar a região.

A lula bigfin foi avistada a uma profundidade de 3.300 metros, gravada por uma câmera acoplada a um módulo de pesquisa equipado com uma isca de peixe. Este avistamento marca a primeira vez que a espécie é registrada na Fossa de Tonga. Menos de 20 avistamentos dessa criatura enigmática foram feitos até hoje, tornando a captura das imagens um evento raro e significativo.

Lula pertence ao grupo das “grandes barbatanas”

Essas lulas pertencem ao gênero Magnapinna, cujo nome em latim significa “grande barbatana”. São conhecidas por seus tentáculos finos e superlongos, que podem atingir até oito metros. Atualmente, três espécies foram descritas – M. atlantica, M. pacifica e M. talismani – mas os cientistas acreditam que ainda haja outras não descobertas nas profundezas oceânicas.

O professor Alan Jamieson, diretor do Centro de Pesquisa de Mar Profundo Minderoo-UWA e líder da expedição, já havia publicado estudos sobre a lula bigfin após um encontro anterior com a espécie durante uma missão na Fossa das Filipinas. 

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Uma lula bigfin gravada nas profundezas do Oceano Pacífico. Crédito: Centro de Pesquisa de Mar Profundo Minderoo-UWA e Inkfish.

Além de documentar a vida marinha, a expedição atual busca coletar dados sobre a geologia do Horizon Deep, o ponto mais profundo da Fossa de Tonga, com cerca de 10.800 metros de profundidade.

Durante um mergulho recente, Jamieson observou a área do Horizon Deep e descreveu a região como estéril, com uma paisagem cinza e quase sem vida, exceto por alguns vermes de escamas. “A ausência é tão interessante quanto a presença, apenas talvez um pouco menos gratificante imediatamente. É fascinante por que não há absolutamente nada aqui”, disse Jamieson em um vídeo explicando parte da Expedição Fossa de Tonga 2024.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.