Lula critica concentração de poder na IA durante discurso na ONU

Lula defende governança global da inteligência artificial e regulação de plataformas digitais em discurso na 79ª Assembleia Geral da ONU
Ana Luiza Figueiredo24/09/2024 12h06, atualizada em 25/09/2024 01h40
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Na 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursou sobre temas cruciais como inteligência artificial (IA) e a regulação de plataformas digitais.

O discurso realizado em Nova York, nos Estados Unidos, na manhã desta terça-feira (24), abordou pontos que ecoam preocupações globais em torno da concentração de poder tecnológico e dos impactos no ambiente digital, com reflexos diretos em questões como soberania, direitos humanos e liberdade de expressão.

Lula ainda comentou sobre outros temas de interesse para o universo tecnológico, como questões ambientais e a defesa do uso de combustíveis como o hidrogênio verde.

Lula pede governança global da inteligência artificial

Lula destacou os desafios apresentados pela inteligência artificial, enfatizando o desequilíbrio na distribuição de conhecimento e poder. Segundo ele, a IA tem consolidado “assimetrias que levam a um verdadeiro oligopólio do saber”. Essa crítica aponta para a concentração da tecnologia em poucas empresas, situadas em um número reduzido de países.

Interessa-nos uma Inteligência Artificial emancipadora, que também tenha a cara do Sul Global e que fortaleça a diversidade cultural. Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. E, sobretudo, que seja ferramenta para a paz, não para a guerra.

Luiz Inácio Lula da Silva em discurso na 79ª Assembleia Geral da ONU

Lula pediu por uma governança intergovernamental da inteligência artificial, onde todos os países tenham voz ativa.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso na ONU
Presidente Lula discursa durante a Assembleia Geral da ONU. (Imagem: Reprodução/YouTube)

Leia mais:

Regulação de plataformas digitais e a questão da soberania

  • Lula também abordou a regulação de plataformas digitais, em um discurso que pode ser interpretado como uma crítica à atuação de empresas como a rede social X (antigo Twitter), atualmente de propriedade de Elon Musk.
  • O presidente foi enfático ao afirmar que o Estado não deve se intimidar “ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei”.
  • A declaração de Lula ocorre em um contexto de debates no Brasil sobre a responsabilidade de plataformas digitais em relação à disseminação de desinformação e ao cumprimento das leis nacionais.
  • Ele defendeu que “a liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras” e reforçou a importância do direito soberano dos Estados de legislar e fazer cumprir suas normas, tanto no mundo físico quanto no digital.

Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital.

Luiz Inácio Lula da Silva em discurso na 79ª Assembleia Geral da ONU
celular com ícones de redes sociais
Plataformas digitais foram alvo de discurso de Lula na ONU, que pede implementação de regras no mundo digital. (Imagem: hapabapa / iStock)

Essa fala se alinha à crescente pressão internacional para a criação de regulamentações mais robustas para as grandes plataformas, especialmente em relação à disseminação de conteúdos prejudiciais e à proteção de dados. A necessidade de equilíbrio entre a liberdade de expressão e a responsabilidade das corporações digitais é um tema central em discussões globais sobre o futuro da internet.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.