Novo foguete da Blue Origin passa por teste de fogo

O segundo estágio do foguete New Glenn, da Blue Origin, acaba de passar com sucesso por um ensaio de disparo de motores
Flavia Correia26/09/2024 10h35
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Motores do segundo estágio do foguete New Glenn, da Blue Origin, passam por teste de fogo. Crédito: Blue Origin
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Está cada vez mais próxima a inauguração do novo foguete da Blue Origin, empresa de astronáutica de Jeff Bezos. Batizado de New Glenn,  o veículo espacial acaba de completar uma etapa crucial de testes pré-lançamento.

O segundo estágio da espaçonave, chamado GS2, acaba de passar com sucesso por um ensaio de disparo de motores (hot fire test), procedimento essencial para validar os sistemas antes do voo, previsto para novembro, a partir de Cabo Canaveral, na Flórida.

Segundo um comunicado emitido pela Blue Origin, o teste durou 15 segundos e foi o primeiro em que o segundo estágio operou de forma integrada, utilizando seus dois motores BE-3U e os sistemas de controle de solo. O objetivo era confirmar as interações entre os subsistemas, como o controle de pressurização dos tanques de combustível, que usa hélio para manter o hidrogênio e o oxigênio líquidos pressurizados durante o voo. 

O novo foguete da Blue Origin, New Glenn, deve ser lançado entre 13 e 21 de outubro. Crédito: Blue Origin

Também foi avaliado o sistema de controle vetorial de empuxo, responsável por direcionar o foguete. Além disso, o teste validou as sequências de inicialização e desligamento dos motores BE-3U, que podem ser reiniciados até três vezes em uma missão.

Projetado para missões na órbita baixa da Terra (LEO), órbita média (MEO) e órbita geossíncrona (GEO), o segundo estágio do New Glenn tem 26,8 metros de altura e 7 metros de diâmetro. A arquitetura robusta dos motores BE-3U permite gerar até 769,5 mil Newtons-força de empuxo, o que o coloca entre os mais potentes a hidrogênio já desenvolvidos.

Segundo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, com esse empuxo, o par de motores é capaz de levantar uma massa de cerca de 764 toneladas a 1m/s². “A questão é que para gerar essa energia, o foguete precisa de combustível. E o combustível pesa muito nessa equação. Por isso, a carga útil acaba sendo uma pequena fração disso”.

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Durante o teste, a equipe de operações da Blue Origin também simulou os procedimentos do dia do lançamento, para garantir que todos os sistemas funcionem conforme o planejado.

Com mais de 98 metros de altura total, o New Glenn é um foguete imponente. Seu primeiro estágio, projetado para ser reutilizável, é alimentado por sete motores BE-4, que utilizam gás natural liquefeito como combustível. Além dos motores BE-3U e BE-4, a Blue Origin fabrica o BE-7 para o módulo lunar Blue Moon e o BE-3PM, utilizado no foguete New Shepard.

Animação mostra como deve ser o foguete New Glenn, da Blue Origin
Representação artística do foguete New Glenn, da Blue Origin. Crédito: Blue Origin/Divulgação

NASA desiste de lançar satélites a Marte com o novo foguete da Blue Origin

Após o sucesso do teste de fogo, o lançamento do foguete batizado em homenagem ao astronauta John Glenn, que se tornou o primeiro norte-americano a orbitar a Terra em 1962, marca um passo significativo para a Blue Origin. 

Durante a missão inaugural, prevista para uma janela entre 13 e 21 de outubro, a empresa enviará ao espaço a plataforma orbital Blue Ring, que terá a função de abastecer, transportar e abrigar satélites.

Inicialmente, a NASA planejava usar o primeiro voo do foguete New Glenn para lançar a Marte a missão ESCAPADE. Acrônimo de “Exploradores de Escape e Aceleração e Dinâmica de Plasma”, a empreitada envolverá duas sondas que estudarão as interações entre o vento solar – partículas eletricamente carregadas emitidas pelo Sol – e a magnetosfera marciana. As espaçonaves gêmeas realizarão observações simultâneas em diferentes pontos do Planeta Vermelho, permitindo uma análise em tempo real das mudanças no clima espacial e na magnetosfera marciana.

No entanto, no início deste mês, a NASA anunciou que a missão ESCAPADE não fará mais parte do voo de estreia do New Glenn. A decisão foi tomada visando evitar custos e problemas técnicos em caso de atraso no lançamento.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.