O furacão Milton ganhou força rapidamente nesta segunda-feira (7), tornando-se um furacão de categoria 5 e avançando em direção à Flórida, nos Estados Unidos, ameaçando a área densamente povoada de Tampa com um possível impacto direto. A mesma região foi devastada pelo furacão Helene menos de duas semanas atrás.
O centro da tempestade pode atingir a região de Tampa Bay na quarta-feira, que não enfrenta um furacão de grande magnitude há mais de um século. Cientistas preveem que o sistema perca um pouco de força antes de chegar à terra firme, mas ainda mantenha a intensidade ao atravessar o estado em direção ao Oceano Atlântico. Isso pouparia os outros estados já devastados por Helene, que deixou ao menos 230 mortos em seu caminho.

“Milton é uma ameaça real”, disse a prefeita de Tampa, Jane Castor, em uma coletiva de imprensa. “Se você desafiar a Mãe Natureza, ela vence 100% das vezes.”
Preparativos do governo para o furacão Milton
- O governador da Flórida, Ron DeSantis, afirmou que é crucial limpar os destroços deixados por Helene antes da chegada de Milton, para que os detritos não se transformem em projéteis.
- Ordens de evacuação foram emitidas, e os meteorologistas alertaram sobre uma possível maré de tempestade de 2,4 a 3,6 metros em Tampa Bay, além de inundações generalizadas causadas por chuvas que podem acumular entre 13 e 25 centímetros, chegando a até 38 centímetros em alguns locais.
- “É uma população enorme, muito exposta e inexperiente, e isso é uma combinação perigosa”, afirmou Kerry Emanuel, professor de meteorologia do MIT, à Associated Press.
- Grande parte da costa oeste da Flórida estava sob alerta de furacão e maré de tempestade, incluindo o Lago Okeechobee. O estado mexicano de Yucatán também está em alerta.
- O condado de Hillsborough, que abriga Tampa, ordenou evacuações em áreas próximas à baía e em casas móveis até a noite de terça-feira.
- O presidente Joe Biden aprovou uma declaração de emergência para a Flórida, mobilizando 7 mil trabalhadores federais, em uma das maiores operações desse tipo na história do estado.
Vento forte e aumento do nível do mar
Na segunda-feira, o furacão Milton ganhou força rapidamente sobre o Golfo do México, com ventos sustentados de até 282 km/h. O centro da tempestade estava a aproximadamente 1.126 km a sudoeste de Tampa e se movia para o leste-sudeste a 15 km/h.
As autoridades locais removeram objetos das praias que poderiam ser arremessados pelos ventos fortes, mas móveis e eletrodomésticos ainda esperam para ser recolhidos. Moradores expressam frustração com a demora na limpeza para os jornais locais.
O furacão Milton se intensificou em 148 km/h em 24 horas, sendo comparado a furacões como Wilma, em 2005, e Felix, em 2007. Especialistas atribuem o fenômeno à presença de um pequeno “olho” na tempestade, que possibilita um rápido aumento de força. O Golfo do México, com temperaturas anormalmente quentes, forneceu combustível extra para o furacão.
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Resistência à evacuação
A aproximação de Milton trouxe à memória o furacão Irma, de 2017, quando 7 milhões de pessoas foram aconselhadas a evacuar a Flórida, causando congestionamentos nas rodovias e esgotamento de combustível nos postos.
Postos de gasolina na região de Fort Myers e Tampa já estavam sem combustível na manhã de segunda-feira. Entretanto, o governador DeSantis garantiu que há um grande estoque de gasolina e diesel sendo distribuído pelo estado.
Apesar das ordens de evacuação, muitos moradores ainda hesitam em partir. O chefe do Corpo de Bombeiros de Hillsborough alertou sobre os riscos de permanecer na região. “Se você ficar, pode morrer”, alertou ele à AP. “E meus homens e mulheres podem morrer tentando resgatar você.”
Cancelamentos e preparação
Com a aproximação do furacão, atividades escolares foram canceladas, e escolas foram convertidas em abrigos. Aeroportos, como o de Tampa e Orlando, anunciaram a suspensão de voos.

O furacão Milton é o mais recente de uma série de tempestades que têm impactado a Flórida, lembrando a sequência de cinco tempestades que atingiram o estado em 2004. O sudoeste da Flórida, ainda se recuperando do furacão Ian, que causou US$ 112 bilhões em prejuízos em 2022, está novamente na rota de um furacão.