Por que apenas plantar árvores não é suficiente para salvar florestas?

Na verdade, plantar de árvores pode até ser prejudicial, caso feita sem estudos bem detalhados. Descubra o que deve ser feito
Por Ramana Rech, editado por Layse Ventura 20/10/2024 01h00
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Madeira das árvores Liriodendron tulipifera tem uma estrutura celular diferente de qualquer outra coisa. Crédito: Peter Turner Photography - Shutterstock
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Quando pensamos em como ocupar os espaços deixados pelo desmatamento, a solução mais intuitiva parece ser plantas árvores. No entanto, em alguns casos, essa reposta pode ser prejudicial para as florestas.

As árvores existem há 400 milhões de anos. Elas sobreviveram, por exemplo, a extinção em massa que extinguiu os dinossauros há 66 milhões de anos e períodos em que boa parte da Terra esteve coberta de gelo. Mas, nos últimos 300 anos, 1,5 bilhão de hectares de floresta foram perdidos.

O desmatamento está relacionado a diversos problemas ambientais, como perda de diversidade, maior risco de enchente, desertificação e, até mesmo, aumento de chance de surgirem surtos de doenças infecciosas.

As árvores ajudam a evitar erosão no solo e mitigam os efeitos das mudanças climáticas, além de sequestrarem carbono. Com o aumento do conhecimento da população sobre os benefícios das árvores, houve uma busca maior por plantar árvores. Em todo o mundo, a área de florestas plantadas foi de 170 milhões de hectares em 1990 para 293 milhões de hectares em 2020.

Em entrevista para a revista Nature, o ecologista microbiano Jake Robinson pôs em xeque a ideia de que plantar novas árvores é, de fato, a solução para o desmatamento. Na verdade, plantar de árvores pode até ser prejudicial, caso feita sem estudos bem detalhados.

Imagem: reprodução/Universidade de Birmingham

Se apenas um tipo de planta for posta, podem surgir problemas como falta de diversidade. Isso significa que a genética do tipo plantado for suscetível a um determinada doença em circulação, toda uma floresta pode desaparecer de uma vez.

Cuidar de jovens árvores, em vez de plantar

Robinson defende uma abordagem em que as pessoas devem dispender tempo e dinheiro cuidando de jovens árvores que já existem, em vez de plantar novas. Dessa forma, se preserva as plantas que melhor se encaixam naquele ecossistema.

Uma vez que pequenos pedaços de florestas voltam a se conectar, plantas separadas podem novamente se misturar. O resultado disso é um melhoramento na diversidade genética, o que aumenta a proteção das espécies contra adversidades.

Imagem: Shutterstock/achiaos

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Uma pesquisa descobriu que à medida que a floresta se rejuvenesce o número de invertebrados escondidos no solo cresce. Para Robinson, deixar que a floresta se regenere por si própria é uma das melhores formas de resolver o desmatamento. Ele compara o fenômeno com uma fênix.

Ramana Rech
Colaboração para o Olhar Digital

Ramana Rech é jornalista formada pela ECA-USP. Participou do Curso Estadão de Jornalismo Econômico e tem passagem pela Editora Globo e Rádio CNN.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.