Seu olfato afeta o modo como você respira – entenda

Pesquisa revela como o sentido do olfato pode impactar a saúde respiratória de um jeito que a ciência não imaginava
Por Nayra Teles, editado por Lucas Soares 25/10/2024 05h30
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Imagem: gerada por inteligência artificial (Dall-E)/Nayra Teles
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O seu olfato pode fazer mais do que permitir sentir aromas. Um novo estudo revela que este sentido pode afetar a qualidade da nossa respiração, especificamente, modificar a maneira como inspiramos e expiramos. Essa pequena alteração pode ser útil para diagnosticar, inclusive, a incapacidade de captar cheiros.

As novas evidências foram encontradas durante um experimento com 31 indivíduos com olfato saudável e 21 voluntários com anosmia – perda total do sentido – conduzido pelo Instituto de Ciências Weizmann e publicado na revista Nature Communications.

Como o olfato afeta a nossa respiração?

  • O olfato parece ter algum papal na maneira como inspiramos e expiramos.
  • Ao comparar o fluxo de ar que entrava e saia das narinas entre pessoas com e sem anosmia, os cientistas notaram uma diferença.
  • Para cada respiração, o grupo com olfato intacto dava uma tragada adicional de ar, chamada de “fungada”.
  • Essa tragada extra foi significativa e resultou em uma média de 240 picos de inalação a mais por hora.
  • Ou seja, as pessoas com olfato estavam respirando de um modo, talvez, mais eficiente em resposta aos aromas.
  • A descoberta é especialmente útil para diagnosticar a anosmia ou a perda de olfato, tornando-o 80% mais preciso.
Gráfico comparativo mostra os diferentes picos respiratórios entre indivíduos com e sem anosmia – Imagem: Nature Communications.

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Sem olfato, a qualidade de vida cai e os riscos de saúde aumentam

Pesquisas mostram que, em adultos mais velhos, não conseguir sentir cheiros pode aumentar em mais de três vezes o risco de morte em comparação com aqueles que têm um olfato saudável.

A perda do olfato, como muitos sentiram após contrair Covid-19, não é algo que se possa ignorar. Sem a capacidade de cheirar, as pessoas podem perder o prazer da comida ou até não perceber quando um alimento estragou. Além disso, não conseguir sentir odores pode impedir que as pessoas percebam perigos, como fumaça de um incêndio ou vazamento de gás.

As novas descobertas não só permitem a detecção do problema, mas também abrem possibilidades de investigação para entender o que está por trás do maior risco de morte associado.

Covid-19 pode entrar pelo nariz e atacar cérebro
A perda do olfato parece ter efeito sobre a nossa respiração – Imagem: lakshmiprasada S/Shutterstock

Perguntas que ainda precisam de resposta

O novo estudo também monitorou a respiração de voluntários para entender se a perda de olfato tem um padrão respiratório geral que pode ser detectado. Utilizando dispositivos vestíveis que medem com sensibilidade o fluxo de ar pelo nariz, os participantes foram avaliados enquanto faziam tarefas do dia a dia, como comer, dormir e conversar.

Os cientistas descobriram que aqueles que podiam sentir cheiros apresentaram um duplo ou até triplo pico de fluxo respiratório toda vez que seus pulmões se expandiam. No entanto, ainda não está claro o que esses padrões de respiração significam para a saúde das pessoas que não conseguem sentir cheiros. Novas investigações mais abrangentes podem explicar melhor a questão.

Nayra Teles
Redator(a)

Nayra Teles é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redatora no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.