Ilha nos EUA se mobiliza para caçar um único rato; entenda

Autoridades afirmam que a presença de roedores pode causar um desequilíbrio ambiental, prejudicando as centenas de espécies de aves que lá vivem.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 28/10/2024 14h54
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Imagem: Chanawat Jaiya/Shutterstock
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A pequena St. Paul tem apenas 350 habitantes. Trata-se de uma ilha localizada a aproximadamente 320 quilômetros da costa do Alasca, nos Estados Unidos. Ela faz de um sistema de vida natural chamado Pribilof, um paraíso para observação de pássaros no meio do Mar de Bering. Há registros de 300 espécies de aves no local.

Pois é, 300 espécies de aves para apenas 350 pessoas. E isso nem é o mais curioso da notícia. Acredite: a Ilha de St. Paul está inteiramente mobilizada para enfrentar um único inimigo: um rato que pode nem existir.

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Em junho, um morador da ilha relatou às autoridades que viu um rato no prédio onde ele mora. Em poucos minutos, agentes de vida selvagem chegaram ao local para fazer uma varredura detalhista. Os profissionais rastejaram pelo chão à procura de rastros do roedor. Uma grama mastigada ou algum excremento.

Instalaram também câmeras e armadilhas com manteiga de amendoim. Tudo para chegar a esse visitante inesperado – e nem um pouco bem-vindo. Essa busca dura até hoje e nada ainda do ratinho.

É verdade que pode ter sido um alarme falso ou até uma brincadeira de mau gosto. Estamos falando de uma denúncia feita por um morador que diz ter visto o animal. As autoridades da ilha, porém, levam esse tipo de coisa muito a sério.

Parece piada, mas não é: todo o lugar está mobilizado em busca de um único ratinho – Imagem: Shutterstock/Anton Pentegov

Por que essa preocupação toda com apenas um rato?

  • Esses pequenos roedores podem virar uma praga muito facilmente.
  • Eles se reproduzem a partir do terceiro mês de vida e a gestação dura apenas 3 semanas.
  • Cada ninhada pode tem cerca de 7 filhotes.
  • Faça as contas: eles podem se proliferar em poucos meses.
  • Ratos são transmissores de doenças graves para humanos, como a leptospirose e a peste bubônica.
  • A grande preocupação da ilha, no entanto, é outra.
  • Como dissemos, St. Paul é um santuário para aves e os ratos representam uma ameaça para elas.
  • Isso porque eles se alimentam dos ovos dos pássaros, além de alguns filhotes e até mesmo adultos (dependendo do tamanho da espécie).
  • Uma das mais ameaçadas, aliás, é o papagaio-do-mar, além dos periquitos auklet.
  • Bom, você pode estar se perguntando aí do outro lado: mas será que vale todo esse investimento para caçar um único roedor?
  • A ilha está gastando recursos com as armadilhas, com as horas extras dos agentes de vida selvagem, com câmeras de segurança – e tudo isso já dura meses, como mostra essa publicação do jornal Alaska’s New Source.
  • Para o Escritório de Conservação de Ecossistemas, a resposta é sim, toda essa mobilização vale a pena.
  • Argumentam que esse gasto é infinitamente inferior a uma erradicação, que poderia custar milhões de dólares, segundo Lauren Divine, a diretora desse escritório.
O papagaio-do-mar é uma das espécies mais ameaçadas pela presença de roedores na ilha – Imagem: Frank Fichtmueller/Shutterstock

Não é a primeira vez

O último relato de rato em St. Paul havia sido em 2018, quando as autoridades demoraram quase um ano para encontrar o pequeno roedor em um armazém no porto local.

Esses animais costumam chegar na ilha por meio de embarcações. E, como mostramos acima, um macho e uma fêmea da espécie podem dar início a uma verdadeira infestação.

O Escritório de Conservação de Ecossistemas não vai baixar a guarda e continuará em busca do visitante indesejado pelo tempo que for necessário. St. Paul avalia até mesmo quebrar uma tradição para achar o ratinho mais rapidamente.

Cães também são proibidos de entrar na ilha desde 1976. Eles, entretanto, são ótimos caçadores e farejadores. Ou seja, justamente aquilo que St. Paul está precisando neste momento.

As autoridades enviaram um pedido oficial ao Departamento de Agricultura dos EUA – e aguardam a autorização para levar um cachorro. A proibição da espécie, aliás, nada tem a ver com os pássaros. O problema dos cães é que eles podem matar as focas peludas.

cachorro jack russell relaxando e descansando em um campo de grama no parque ao ar livre durante as férias de verão
Pois é, cachorrinhos também não são bem-vindos na Ilha de St. Paulo, nos EUA – Imagem: Shutterstock/Foto Vibe Images

Enquanto isso, profissionais de vida selvagem e até mesmo cidadãos comuns continuam em busca do rato. E, sim, todos são capacitados para tal. ‘Como proceder ao encontrar um roedor’ faz parte do currículo escolar de St. Paul.

As informações são da NBC News.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.