Blue Origin se prepara para lançar novo foguete New Glenn

Mais um passo importante está prestes a ser dado pela Blue Origin em sua intenção de dominar o mercado privado de lançamentos espaciais
Flavia Correia04/11/2024 11h13, atualizada em 04/11/2024 11h18
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Foguete New Glenn, da Blue Origin, posicionado na plataforma de lançamento para últimos testes. Crédito: Blue Origin
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De olho em um lançamento até o fim deste ano, a Blue Origin está nos últimos preparativos para o voo inaugural do New Glenn, novo foguete de carga pesada da empresa. Recentemente, o primeiro estágio do veículo foi transportado para a plataforma de lançamento na Estação da Força Espacial, em Cabo Canaveral, na Flórida, para realização de testes finais.

Curiosamente batizado de “So You’re Telling Me There’s A Chance” (“Então você está me dizendo que há uma chance”, em tradução direta), o primeiro estágio do foguete New Glenn já está com seus sete motores BE-4 instalados para os testes decisivos. 

O ensaio de disparo estático, que simula o lançamento sem decolagem, envolverá o preenchimento dos tanques do foguete com metano líquido e oxigênio, permitindo verificar o desempenho dos motores. No lançamento, esses motores BE-4 devem gerar cerca de 16,9 milhões de newtons de empuxo, um marco impressionante para a empresa.

Com o segundo estágio do New Glenn já testado e aparentemente concluído, os esforços atuais se concentram inteiramente no booster. 

Booster do foguete New Glenn sendo transportado para a plataforma de lançamento LC-36, na Estação da Força Espacial, para testes finais. Crédito: Blue Origin

Blue Origin aguarda licença de lançamento para o foguete New Glenn

A Blue Origin precisa ainda garantir todas as aprovações regulatórias para o voo inaugural, já que a licença de lançamento ainda não foi emitida. O cronograma mais otimista sugere um lançamento no fim de novembro, embora dezembro ou até janeiro sejam datas mais prováveis, de acordo com o site NASASpaceFlight.

Esse voo inicial teve o escopo original modificado. O plano inicial era lançar a missão ESCAPADE, da NASA, para Marte, mas, devido ao cronograma apertado, a agência optou por outro veículo. Sigla em inglês para “Exploradores da Dinâmica e Aceleração de Plasma e Escape”, essa missão visa estudar a interação do vento solar com o fraco campo magnético marciano.

Animação mostra como deve ser o foguete New Glenn, da Blue Origin
Representação artística do foguete New Glenn, da Blue Origin. Crédito: Blue Origin/Divulgação

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Em substituição, o New Glenn levará a espaçonave DarkSky-1 (DS-1) em uma missão de teste em órbita terrestre média. Este voo servirá para avaliar a precisão de inserção orbital do foguete e testar múltiplos reinícios de motor do segundo estágio, elementos essenciais para futuras missões de maior complexidade.

Desenvolvida em parceria com a Darpa (sigla para Unidade de Inovação em Defesa dos Estados Unidos), a carga DS-1 irá testar os novos sistemas de aviônicos da Blue Origin em órbita. 

Além disso, os dados coletados ajudarão no desenvolvimento da Blue Ring, uma plataforma de “rebocador espacial” destinada a transportar satélites entre diferentes órbitas e até pontos de Lagrange. Com curta duração, a missão DS-1 levará apenas 12 horas, tempo limitado pela bateria da espaçonave.

Furacão e acidente causam danos à infraestrutura da empresa

No retorno do primeiro estágio do New Glenn, a Blue Origin planeja um pouso controlado na embarcação de recuperação Jacklyn, uma balsa adaptada especialmente para essa função.

Equipado com três motores BE-4 que podem cardanear, ou seja, se mover em várias direções para redirecionar o empuxo, o foguete terá maior controle de inclinação, guinada e rotação durante o pouso. Essa capacidade dos motores também se mostrou crucial em outras missões – recentemente, ajudou no controle do foguete Vulcan após a falha de um de seus propulsores.

Em termos de infraestrutura, o campus da Blue Origin no Parque de Exploração passou por alguns contratempos. A passagem do furacão Milton causou danos a alguns edifícios, incluindo a destruição de um prédio de armazenamento inacabado e avarias em elevadores. Além disso, o centro de testes ainda se recupera de um acidente recente em que um estágio sofreu danos durante um ensaio de pressão.

A Blue Origin também está expandindo suas instalações para aprimorar a produção de carenagens, visando aumentar a cadência de lançamentos do New Glenn. Essas expansões incluem uma nova garagem e o desenvolvimento de uma instalação de fabricação rotativa, o que sugere o compromisso da empresa em estabelecer uma rotina sólida e frequente de operações de voo.

Primeiro estágio do foguete New Glenn passando por ajustes finais antes de ser transportado para a plataforma de lançamento. Crédito: Blue Origin

Novo foguete é peça-chave para missão lunar Artemis 5

Com 98 metros de altura e capacidade para transportar até 45 mil kg para a órbita baixa da Terra, o foguete New Glenn representa um avanço estratégico para a Blue Origin. Além de impulsionar as ambições da empresa no setor espacial, o veículo é peça-chave para projetos como o módulo de pouso lunar Blue Moon, que deve ser usado na missão lunar Artemis 5, da NASA. Desse modo, a concretização de um lançamento bem-sucedido do New Glenn marcaria um feito importante tanto para a Blue Origin quanto para o programa Artemis. 

Para a Blue Origin, o sucesso deste lançamento representaria mais do que um simples marco técnico: seria um avanço fundamental na sua missão de expandir a presença humana no espaço, uma visão que também alimenta projetos como o habitat espacial Orbital Reef.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.