O mineral versátil que pode mudar tudo na remoção de carbono da atmosfera

Calcita pode ser usada para acelerar processo natural de remoção do gás poluente
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Rodrigo Mozelli 13/11/2024 21h14
Imagem mostra cristais de calcita rosa
Amostra de cristais de calcita (Imagem: Grey Zone/Shutterstock)
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A calcita é um mineral encontrado no mundo todo. Uma de suas principais aplicações é na produção de cimento e concreto para construção, uma das maiores fontes de emissão de dióxido de carbono globalmente.

Agora, um projeto está trabalhando em usar o mineral na remoção de carbono diretamente da atmosfera. Apesar de o processo já acontecer naturalmente, a proposta é acelerá-lo.

Concreto mole sendo despejado em construção
Uma das aplicações da calcita é na produção de cimento e concreto para construção (Imagem: ungvar/Shutterstock)

O que é a calcita

A calcita é a forma mais estável do carbonato de cálcio, mineral encontrado no calcário. Ela está presente no oceano, em conchas, corais, partes duras de organismos marinhos, ostras, esponjas e em alguns tipos de algas.

Há também uma forma de calcita que pode ser encontrada em cavernas de calcário, pendendo do teto e das paredes. Saiba mais sobre esse mineral:

  • Segundo o Phys.org, em comparação com a maioria dos minerais, a calcita não é dura ou densa, o que significa que pode ser usada em variedade de formas e estruturas;
  • Na forma pura, o mineral é branco ou incolor, mas pode mudar de cor devido às impurezas. Ela também pode ser transparente, translúcida ou opaca;
  • De acordo com a pesquisadora sênior Renee Birchall, que faz parte do projeto, a calcita efervesce (libera bolhas) quando entra em contato com ácido clorídrico diluído;
  • Outra propriedade interessante é que ela é fluorescente em muitas cores diferentes sob luz ultravioleta.

Renee Birchall, pesquisadora sênior envolvida no projeto de remoção de carbono (Imagem: Divulgação/CISRO)

Qual a relação do mineral com as emissões de carbono?

Uma das aplicações da calcita é na construção de cimento e concreto para construção. Porém, segundo Birchall, esse processo é uma das maiores fontes mundiais de emissões de carbono, contribuindo com mais de 10% do total anualmente.

Agir na descarbonização da construção pode ajudar a diminuir esses números. O projeto liderado pela pesquisadora sênior está trabalhando na redução das emissões a partir de processo chamado carbonatação mineral.

Trata-se de processo geoquímico que envolve dióxido de carbono dissolvido na água reagindo com minerais da superfície. Então, o gás poluente fica preso nos minerais de carbonato, como a calcita, agindo na remoção de carbono da atmosfera.

Leia mais:

Projeto vai agilizar remoção de carbono da atmosfera

A carbonatação mineral é processo que acontece naturalmente, mas com um problema: é lento e não acompanha o ritmo das emissões.

O projeto trabalha justamente nisso. A ideia é acelerar a remoção de carbono da atmosfera por meio de novas tecnologias de carbonatação mineral, que replicariam processos naturais de intemperismo e causariam as mesmas reações em ritmo acelerado.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.