Este é o efeito do “apito da morte asteca” no cérebro humano

Estudo inédito sugere que, além de aterrorizar adversários, apito da morte pode ter sido usado em rituais de sacrifício humano
Por Ana Julia Pilato, editado por Lucas Soares 18/11/2024 14h21
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(Imagem: Tom Reeve/Shutterstock)
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Em um estudo inédito publicado na Communications Psychology, pesquisadores analisaram os efeitos do apito da morte asteca no cérebro dos humanos modernos. O dispositivo emite sons assustadores – que se assemelham bastante a gritos de desespero – e, como explica a equipe, consegue colocar nosso córtex auditivo em extremo estado de alerta.

Entenda:

  • Pela primeira vez, pesquisadores analisaram os efeitos do apito da morte asteca no cérebro dos humanos modernos;
  • O dispositivo emite sons bastante parecidos com gritos de desespero, e colocam nosso córtex auditivo em alerta;
  • Além de aterrorizar adversários em confrontos, os apitos também podem ter sido usados em cerimônias de sacrifício humano, sugerem os pesquisadores;
  • Experimentos com voluntários ainda mostraram que nosso cérebro se esforça para encontrar significados simbólicos no som do apito da morte.
Apito da morte era usado pelos astecas para aterrorizar inimigos. (Imagem: Jennysnest/Wikimedia Commons)

De acordo com os autores do estudo, os antigos astecas podem ter usado o apito da morte para aterrorizar adversários no campo de batalha ou, ainda, em cerimônias de sacrifício humano, imitando o assovio do vento no submundo asteca ou representando Ehecatl, o deus do vento em sua mitologia.  

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Usando réplicas de apitos astecas, os pesquisadores conduziram experimentos psicoacústicos com voluntários, registrando suas respostas neurais e psicológicas ao apito da morte. Com técnicas de neuroimagem, a equipe detectou “atividade cerebral muito específica” em regiões do córtex auditivo que respondem a ruídos assustadores.

Equipe criou réplicas de apitos da morte astecas. (Imagem: Frühholz, S. et al./ Communications Psychology, 2024)

Os ouvintes do experimento descreveram os sons do apito como “muito negativos”, “assustadores” e “aversivos”. A equipe aponta “uma origem híbrida natural-artificial”, com “uma mistura ambígua de componentes sonoros familiares e desconhecidos, bem como um simbolismo multicamadas”.

Ou seja, ao ouvir o som aterrorizante do apito, nosso cérebro não apenas é colocado em alerta máximo, mas também se esforça para tentar identificar um significado simbólico – o que torna a utilização dos apitos em rituais “muito provável, especialmente em ritos e cerimônias de sacrifício relacionadas aos mortos”, escreve a equipe.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.