“Onde está todo mundo?” – um grande filtro pode explicar falta de contato alienígena

"Grande Filtro" poderia explicar por que não foram (e talvez nunca serão) detectadas vidas alienígenas inteligentes
Flavia Correia18/12/2024 08h40, atualizada em 19/12/2024 21h04
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De uma simples (porém inquietante) pergunta, surgiu o que ficou conhecido como “Paradoxo de Fermi“: “Onde está todo mundo?”. Essa questão foi levantada pelo físico Enrico Fermi durante uma conversa sobre a possibilidade de existência de vida alienígena.

Se a Terra gerou vida, e o Universo é imenso, por que não encontramos outras civilizações espalhadas por ele? Dada a idade da Via Láctea (mais de 13 bilhões de anos), é razoável supor que, em algum lugar, formas avançadas de vida poderiam ter surgido e se espalhado pelo cosmos.

Cena do filme ET – O Extraterrestre, de 1982, quando o personagem Elliot está prestes a encontrar a criatura alienígena no quintal – um contato que pode ser impossivel na vida real. Crédito: Reprodução/ Universal

Mesmo considerando as limitações tecnológicas, como os desafios dos foguetes e a velocidade das viagens espaciais, o argumento permanece: o tempo é mais do que suficiente para que as civilizações tenham se espalhado. 

Se esse fosse o caso, deveríamos encontrar evidências claras de artefatos avançados ou megaconstruções, como esferas de Dyson, ou até mesmo sinais de exploração interplanetária. Mas, em vez disso, a galáxia continua silenciosa, o que leva à pergunta fundamental do paradoxo de Fermi: onde estão as outras civilizações?

Civilizações alienígenas viveriam nas chamadas esferas de Dyson? Crédito: Ziben – Shutterstock

Grande Filtro: obstáculo contém avanço das civilizações pelo espaço

Uma possível explicação para isso é o conceito do “Grande Filtro“. Essa teoria sugere que há um ou mais obstáculos imensos que impedem a evolução de civilizações capazes de viajar pelo espaço. Em outras palavras, é extremamente raro para qualquer espécie alcançar o nível de desenvolvimento necessário para se expandir além do seu planeta natal.

O Grande Filtro, na visão do pesquisador Robin Hanson, que o descreveu pela primeira vez em 1998, pode estar em várias fases do processo evolutivo. Ele identificou nove etapas que seriam necessárias para uma civilização alcançar a exploração galáctica: 1) o sistema estelar adequado, 2) moléculas capazes de reproduzir a vida, 3) a emergência de organismos unicelulares, 4) vida mais complexa, 5) reprodução sexuada, 6) multicelularidade, 7) inteligência básica (como o uso de ferramentas), 8) uma civilização com capacidade de colonizar e, finalmente, 9) uma explosão de vida que se espalha pela galáxia.

O que causa o gargalo no processo? Será que o filtro está nas fases iniciais, com a formação de sistemas planetários adequados para a vida? Ou estará em algum estágio intermediário, onde a vida nunca se desenvolve ou permanece simples por bilhões de anos? Ou, mais provavelmente, o filtro se encontra nas últimas etapas, onde a civilização alcança um nível de destruição ou autoextermínio antes de conquistar o espaço?

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Civilizações alienígenas podem se destruir antes de interagir com outras

Conforme explica o site Space.com, o que sabemos é que os componentes para a vida são abundantes no Universo, tornando improvável que o filtro esteja no início da cadeia. A vida simples, como as bactérias, também parece ser relativamente fácil de surgir, uma vez que as condições adequadas estejam presentes. No entanto, a inteligência complexa, como a humana, é extremamente rara – surgindo apenas uma vez na Terra ao longo de bilhões de anos. Isso sugere que o filtro poderia estar relacionado à evolução de seres inteligentes.

Se a inteligência é comum, o que impede essas civilizações de se expandirem pelo Universo? Uma hipótese é que, ao atingir um nível de desenvolvimento tecnológico, as civilizações podem se destruir antes de alcançar a exploração espacial. O uso de grandes quantidades de energia, necessário para viagens interestelares, poderia ser desviado para fins destrutivos, levando a civilizações ao colapso.

Embora o Grande Filtro seja uma explicação plausível, não é a única. Talvez a exploração galáctica seja mais difícil do que imaginamos, ou o progresso tecnológico siga por caminhos inesperados. Ou, talvez, já tenhamos superado o Grande Filtro, sendo uma das poucas espécies a alcançar esse estágio avançado, com o Universo à nossa disposição.

De qualquer forma, a pergunta persiste: onde está todo mundo?

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.