O Supremo Tribunal Federal (STF) apresentou, na segunda-feira (16), a MARIA, ferramenta de inteligência artificial (IA) criada para transformar a produção de conteúdo no Tribunal.
O projeto foi resultado de chamamento público realizado pelo STF em novembro de 2023, convidando empresas a apresentarem protótipos de soluções baseadas em IA. Entre as mais de 20 empresas que se interessaram, seis foram selecionadas.
Entre as escolhidas, a EloGroup está entre as principais responsáveis pelo código-fonte que possibilitou a criação da ferramenta. A consultoria, especializada em tecnologias Analytics e Gestão para negócios digitais, cedeu os direitos do código-fonte e todos os componentes desenvolvidos ao STF.
“Agradeço a essas empresas pela contribuição com talento, tempo e recursos. Destaco, especialmente, a EloGroup, que possibilitou a incorporação da solução, permitindo que sua evolução seja conduzida pela equipe do Tribunal”, afirmou o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso.

MARIA, EloGroup e Microsoft
- O desenvolvimento da MARIA também contou com apoio da Microsoft, parceira da EloGroup no processo de prova de conceito;
- A MARIA chega como marco no uso de IA no Poder Judiciário, consolidando a parceria entre inovação tecnológica e o setor público.
Leia mais:
- Inteligência artificial: conheça os pontos negativos e perigos da IA
- 5 formas de usar as IAs para te ajudar nos estudos
- Sam Altman: ‘pai’ do ChatGPT acredita em uma IA geral, mas minimiza riscos
Mais sobre a MARIA
“MARIA” é sigla para Módulo de Apoio para Redação com Inteligência Artificial. Inicialmente, o recurso será usado para resumir votos dos ministros, produzir relatórios em determinados processos e analisar reclamações.
“É iniciativa pioneira que começamos a programar há algum tempo e é marco do compromisso do Supremo com a modernização e com a utilização de inteligência artificial no âmbito do Judiciário”, disse Barroso.
Com a ferramenta, o STF espera aumentar a eficiência dos trabalhos de servidores e melhorar a qualidade dos processos, já que a IA poderá auxiliar na identificação de erros e inconsistências dos textos.
Em entrevista ao Olhar Digital, André Franco, sócio da EloGroup, conta um pouco mais sobre o projeto e como foi o processo, desde o chamamento até o projeto final. “Na primeira etapa do chamamento público, foi necessário comprovar experiência em projetos similares. […] Na segunda fase, a avaliação considerou a qualidade técnica das propostas apresentadas, reduzindo o número de empresas para seis. Essas seis puderam interagir com as equipes de TI e negócio do STF (gabinete do ministro) para refinar suas soluções. Nessa etapa, apenas nossa solução foi validada e implementada para uso nos gabinetes”, conta.
Esse é um projeto de grande relevância. Temos diversos casos em outros clientes, tanto no setor público quanto no privado, mas atuar em um órgão da importância do STF traz outro nível de reconhecimento. É uma forma de incentivar outros órgãos e autarquias a adotarem IA, mostrando que é possível fazer isso com segurança e gerar valor, mesmo em processos extremamente complexos.
André Franco, sócio da EloGroup, em entrevista ao Olhar Digital
O executivo também explica o papel da Microsoft no trabalho da empresa junto ao STF. “O desenvolvimento foi realizado utilizando o stack tecnológico da Microsoft. Além disso, a Microsoft foi parceira no investimento, custeando parcialmente nosso trabalho quanto o uso de créditos na nuvem para viabilizar o projeto”, diz.
Sobre a participação da companhia no desenvolvimento da MARIA, Franco explica que eles foram responsáveis pelo desenvolvimento da solução aplicada a relatórios em processos recursais. “A ferramenta utiliza IA generativa para analisar as peças processuais de recursos extraordinários recebidos pelo STF, capturando as principais informações sobre o histórico do processo e automatizando a elaboração de relatórios processuais no formato e na linguagem utilizados pelos ministros. Esses relatórios são essenciais para subsidiar as decisões judiciais”, detalha.
Quanto ao tempo de desenvolvimento, ele afirma que, a primeira fase, que consistiu no protótipo, foi concluída em cerca de três semanas, enquanto o desenvolvimento completo da solução atualmente em uso durou aproximadamente quatro meses.
Para saber tudo sobre a nova ferramenta do STF, incluindo suas incumbências, leia esta reportagem do Olhar Digital.

O que diz a Microsoft
O Olhar Digital pediu à Microsoft que comente sobre seu apoio à EloGroup e sobre a MARIA e nos respondeu com a seguinte nota:
A Microsoft Brasil e a EloGroup colaboraram na criação da MARIA, a inteligência artificial do Supremo Tribunal Federal (STF), em um chamamento público pioneiro do STF para explorar o uso de Inteligência Artificial Generativa na sumarização de processos judiciais. Este projeto representa um marco significativo para todo o Judiciário Brasileiro, com aplicabilidade e sinergia nas atividades jurisdicionais dos 92 Tribunais do Brasil. A Microsoft acredita na modernização do Judiciário brasileiro como forma de promover eficiência, transparência e acessibilidade, contribuindo para um sistema de justiça mais ágil e eficaz para todos os cidadãos. Conforme já anunciado, a Microsoft está investindo R$ 14,7 bilhões em sua infraestrutura de nuvem e IA no Brasil nos próximos três anos e oferecerá capacitação gratuita em IA para 5 milhões de pessoas durante o mesmo período. Esta iniciativa marca apenas o começo da nossa jornada para apoiar a transformação digital do setor público no Brasil.
Microsoft, em nota enviada ao Olhar Digital