Uma alta variação na pressão arterial ao longo do tempo pode estar ligada ao maior risco de declínio cognitivo, particularmente em homens idosos negros. Aqueles com grandes oscilações nos níveis arteriais sofrem um envelhecimento cerebral adicional de quase 3 anos.
A descoberta é de um novo estudo publicado na revista Neurology, que comparou a influência da pressão arterial nos resultados cognitivos de indivíduos brancos e negros. A relação é significativa em ambos, mas parece acentuada em pessoas negras.
Os dados analisados na investigação são do Projeto de Saúde e Envelhecimento de Chicago, que contou com 4.770 participantes com 65 anos ou mais. Desses, 66% eram negros e o restante, brancos.
Homens idosos com pressão irregular correm mais risco de declínio cognitivo precoce
- Durante 18 anos, cientistas mediram a pressão arterial a cada três anos e fizeram quatro testes cognitivos nos voluntários.
- Tanto pessoas brancas quanto negras com alta oscilação na pressão arterial tiveram pontuações cognitivas mais baixas na última avaliação.
- No entanto, entre os idosos negros, essa relação foi mais acentuada. Aqueles com alta irregularidade nos níveis arteriais apresentaram o equivalente a 2,8 anos de envelhecimento cognitivo.
- Em geral, eles também apresentavam mais problemas de saúde anteriores, praticavam menos exercício físico e mental, e tendiam a fumar mais.
- Independentemente de a pressão ser mais baixa ou alta, uma variação intensa entre as medições foi sempre ligada ao declínio cognitivo.

Um novo fator de risco mais efetivo para declínio cognitivo
Conforme envelhecemos, é natural que algumas habilidades cognitivas funcionem com menos “potência”. Por exemplo, podemos experimentar uma memória mais fraca. No entanto, isso não acontece com todos e pode ser até evitado em alguns casos. Entender o que aumenta o risco de perda cognitiva é o caminho.
Já se sabe que a pressão alta pode contribuir para esse declínio. Outros estudos mostram que as variações na pressão arterial ao longo do tempo podem ser um sinal ainda mais forte de problemas cognitivos do que as leituras médias da pressão.

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Até agora, muitas dessas pesquisas focaram apenas em pessoas brancas, mas este estudo explora também como isso afeta pessoas negras, que enfrentam mais desafios de acesso ao cuidado médico, condições financeiras e de conhecimento sobre saúde.
A autora do estudo, Dra. Anisa Dhana, destaca ao Medical News Today:
Com o envelhecimento da sociedade e a prevalência da doença de Alzheimer, identificar estratégias de prevenção para retardar o declínio cognitivo em idosos tornou-se uma prioridade de saúde pública.
Dra. Anisa Dhana
Como controlar a pressão arterial?
Em entrevista ao portal, Alan Rozanski, professor de medicina na Icahn School of Medicine, recomenda alguns hábitos para ajudar a controlar a pressão arterial, como:
- Reduzir o consumo de alimentos processados, como frituras e produtos industrializados.
- Limitar o consumo de sal para evitar hipertensão.
- Praticar atividade física, que ajuda a equilibrar os níveis de colesterol e a saúde cardiovascular.
- Procurar estratégias de relaxamento para evitar o estresse e buscar apoio médico quando necessário.
- Realizar medições regulares da pressão arterial para ajudar na detecção precoce da hipertensão.