Praticar ioga pode te fazer viver mais? Veja o que diz a ciência

Centenários atribuem sua longevidade à prática de ioga. Estudos revelam se essa associação realmente está certa
Por Nayra Teles, editado por Lucas Soares 27/12/2024 08h04
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Imagem: Shutterstock/JLco Julia Amaral
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Quando questionada sobre como viveu 105 anos, Daisy Taylor, uma praticante assídua de ioga que vive em Chelmsford, Inglaterra, não hesita em atribuir sua longa vida à atividade. Em entrevista à BBC, ela conta que a prática a ajuda a manter a mente em forma.

Ela não está sozinha nisso. Muitos centenários praticantes de ioga também fazem a mesma associação. Será esse o segredo para viver mais? A ciência tem algumas evidências que podem responder a essa questão. Holger Cramer, professor na Universidade de Tübingen explica em artigo publicado no The Conversation.

O ioga pode fazer você viver mais?

  • Ao longo do tempo, diversos cientistas se dedicaram a entender os benefícios do ioga para a saúde. Mas um, em particular, quis responder à questão.
  • Usando dados da população dos Estados Unidos, disponíveis na National Death Index e no National Health & Nutrition Examination Survey, cientistas analisaram a relação entre longevidade e ioga.
  • Cerca de 22 mil participantes passaram por uma avaliação com perguntas sobre hábitos de vida, incluindo a prática de ioga.
  • O risco de morte foi quase dois terços menor entre os que praticavam ioga, em comparação com os que não praticavam, após 8 anos de pesquisa.
  • No entanto, os cientistas encontraram uma inconsistência: os voluntários praticantes de ioga eram geralmente mais jovens do que os outros participantes.
  • Ao considerar esse detalhe nos cálculos, descobriram que não havia mais nenhuma diferença de mortalidade entre eles e os não praticantes.
Ioga (Imagem: Kike Vega/Unsplash)
Centenários que praticam ioga associam sua longevidade à prática – (Imagem: Kike Vega/Unsplash)

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A prática pode não aumentar sua vida, mas promove um envelhecimento saudável

O caso de Taylor pode ser apenas uma exceção. Ela conta como outros membros de sua família viveram bastante tempo também. Ou seja, a genética pode ter algum papel nessa equação. Embora o resultado do estudo mostre que o ioga não aumenta necessariamente o nosso tempo de vida, outros benefícios promovidos pela prática podem contribuir para um envelhecimento mais saudável e explicar a longevidade dos praticantes.

Pesquisas sugerem que a prática aumenta a atividade de uma enzima chamada telomerase, que está ligada ao envelhecimento celular. Além disso, outros estudos mostram que praticantes experientes de ioga podem reduzir seu metabolismo a níveis semelhantes aos de animais hibernando, o que pode aumentar a expectativa de vida.

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Na verdade, a ioga pode ajudar a envelhecer de forma saudável – Imagem: Pexels/Mikhail Nilov

A ioga também pode melhorar a saúde mental. Investigações mostram que praticantes têm mais massa cerebral, especialmente no hipocampo, que é responsável pela memória. Quanto mais tempo se pratica, maior é essa massa cerebral, o que sugere que a atividade pode ajudar a preservar a memória com a idade.

Outro ponto é que a ioga e a meditação podem melhorar a “inteligência fluida”, ou seja, a capacidade de resolver problemas e aprender coisas novas, que tende a diminuir com o envelhecimento. Quem pratica essas atividades tem melhor desempenho mental em comparação com pessoas da mesma faixa etária que não praticam.

Em resumo, por mais que a ioga não faça mágica, ela tem, sim, influência em como as pessoas envelhecem com o tempo. Uma combinação com outros hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e boas noites de sono, faz diferença na longevidade. Holger Cramer, ressalta:

A ioga parece nos manter mais saudáveis ​​e, acima de tudo, mentalmente mais aptos na velhice. E talvez, como aconteceu com Daisy Taylor, ela possa tirar o medo da velhice.

Holger Cramer
Nayra Teles
Redator(a)

Nayra Teles é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redatora no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.