Pro

Google: 2024 da empresa e de seu CEO teve de turbulência interna a pressões externas

O CEO do Google, Sundar Pichai, enfrentou um dos anos mais desafiadores de sua gestão em 2024, equilibrando crescimento financeiro robusto, desafios tecnológicos e tensões internas.

Apesar do relatório de lucros recordes em abril, que levou as ações da Alphabet à maior alta desde 2015 e impulsionou o valor de mercado da empresa para mais de US$ 2 trilhões (R$ 12,38 trilhões, na conversão direta), a força de trabalho da gigante tecnológica demonstrou insatisfação crescente.

Durante reunião geral no mês seguinte, um comentário amplamente repercutido no fórum interno da empresa expôs o desconforto dos funcionários. “Houve um declínio significativo no moral, aumento da desconfiança e uma desconexão entre a liderança e a força de trabalho”, dizia a mensagem.

Questões sobre remuneração e decisões estratégicas tornaram-se comuns, mesmo em meio a conquistas financeiras e avanços em inteligência artificial (IA). A seguir, elencamos outros principais tópicos em torno da big tech e de Pichai.

Força de trabalho da gigante tecnológica demonstrou insatisfação crescente (Imagem: One Artist/Shutterstock)

Google e a corrida pela liderança em IA

  • Desde o lançamento do ChatGPT em 2022, a corrida por inovação em IA intensificou-se;
  • O Google apresentou avanços significativos, incluindo o lançamento da família de modelos Gemini e novos produtos, como o Veo 2, para geração de vídeos, e o NotebookLM, ferramenta de anotações aprimorada por IA;
  • No entanto, alguns lançamentos iniciais, como o Imagen 2, enfrentaram críticas por erros técnicos e culturais;
  • Embora o Google tenha respondido aos contratempos com ajustes e novos lançamentos, como o Imagen 3, as falhas iniciais alimentaram dúvidas internas sobre a eficácia da liderança de Pichai;
  • Além disso, o mercado de busca, há anos dominado pela empresa, viu sua participação ameaçada por concorrentes, como Microsoft e startups emergentes.

Leia mais:

Desafios regulatórios e pressão interna

No campo regulatório, o Google enfrentou reveses significativos. Em agosto, um juiz federal determinou que a empresa mantém ilegalmente um monopólio no mercado de buscas, enquanto o Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) sugeriu a venda do navegador Chrome como medida corretiva.

A empresa também enfrentou ações antitruste relacionadas à tecnologia de anúncios e à loja de aplicativos Google Play.

Internamente, os esforços para cortar custos e reorganizar equipes dividiram a força de trabalho. Enquanto as divisões de IA, como a DeepMind, prosperavam com recursos ampliados, outras áreas enfrentaram cortes e reestruturações, afetando o moral.

A percepção de favoritismo em relação às equipes de IA foi um ponto de discórdia, embora o Google tenha negado tratamento diferenciado.

Após quase uma década à frente do Google, Pichai continua sendo alvo de críticas por não transmitir uma visão unificadora para o futuro (Imagem: photosince/Shutterstock)

Pichai sob escrutínio

Após quase uma década à frente do Google, Pichai continua sendo alvo de críticas por não transmitir uma visão unificadora para o futuro.

Mesmo com avanços, como o lançamento do chip Willow e a expansão da Waymo, os funcionários questionam frequentemente a liderança em fóruns internos.

Em tentativa de reconectar a empresa às suas raízes, Pichai implementou mudanças estruturais, eliminando 10% da gerência intermediária e promovendo iniciativas, como hackathons, lembra a CNBC.

Apesar disso, a pressão para equilibrar inovação, crescimento financeiro e demandas internas permanece alta. A narrativa de 2024 no Google reflete ambiente corporativo sob intensa transformação, onde conquistas externas muitas vezes contrastam com desafios internos persistentes.

Esta post foi modificado pela última vez em 30 de dezembro de 2024 16:32

Compartilhar
Publicado por
Rodrigo Mozelli