BepiColombo, espaçonave da Agência Espacial Europeia (ESA), sobrevoou Mercúrio na quarta-feira (8), ficando a apenas 295 quilômetros de distância do planeta. Foi o sexto sobrevoo da missão, rendendo registros impressionantes desse mundo de extremos.
Nas fotos, estão áreas de escuridão profunda, permanentemente na sombra, contrastando com as bordas das crateras, banhadas pela luz solar intensa (e eterna). E é justamente nessas sombras que reside um mistério: cientistas acreditam que pode haver gelo ali, preservando pistas valiosas sobre o passado e o futuro do planeta.
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Preparações para coleta de dados científicos de Mercúrio
BepiColombo completou a última manobra de assistência gravitacional, um impulso final que a colocará em órbita ao redor de Mercúrio em 2026. A partir de 2027, a sonda finalmente começará a coletar dados científicos.

Mercúrio é um planeta pequeno e rochoso, um pouco maior que a nossa Lua, e orbita o Sol a uma distância média de 58 milhões de quilômetros. Imagine o calor: ao meio-dia, a temperatura na superfície pode chegar a escaldantes 430 graus Celsius. Mas, como o planeta não tem uma atmosfera densa, as temperaturas nas áreas sombreadas podem despencar para -180 graus Celsius.
A superfície de Mercúrio é constantemente bombardeada por radiação e vento solar, o que resulta em uma atmosfera muito tênue, uma fina camada de gás que se regenera continuamente. Os cientistas acreditam que, abaixo da superfície, existem mecanismos responsáveis por um campo magnético misterioso e que grandes quantidades de carbono podem ter se transformado em uma espessa camada de diamante. Especula-se até que o planeta esteja encolhendo lentamente.

Um planeta misterioso
Lançada em 2018, a missão BepiColombo tem como objetivo desvendar esses e outros mistérios de Mercúrio. As imagens de agora fornecem novas evidências de um mundo marcado pelo tempo, com cicatrizes de impactos gigantescos e erupções vulcânicas antigas.
Uma delas revela a Nathair Facula, uma região que guarda vestígios da maior erupção vulcânica conhecida em Mercúrio, com uma abertura de cerca de 40 quilômetros de diâmetro. Próxima a ela, está a cratera Fonteyn, relativamente jovem, com apenas 300 milhões de anos.

Em 2026, a sonda BepiColombo se aproximará novamente de Mercúrio para lançar dois orbitadores: o Mercury Planetary Orbiter, da ESA, e o Mercury Magnetospheric Orbiter, da Agência Espacial Japonesa (JAXA). A partir de 2027, eles coletarão dados de diferentes altitudes e ângulos.
Essas novas imagens são as mais próximas que teremos de Mercúrio por um bom tempo, já que os orbitadores não chegarão tão perto da superfície. Mas a partir de 2027, nossa compreensão desse mundo fascinante dará um salto gigantesco. A BepiColombo está pronta para desvendar os segredos de Mercúrio.
Via ScienceAlert