Quais problemas você pode ter por trocar de assento no avião?

Trocar ou ceder o assento no avião pode gerar problemas de segurança, legais e sociais. Entenda quais são os riscos envolvidos
Por Danilo Oliveira, editado por Layse Ventura 12/01/2025 22h20
Família de passageiros em voo
Imagem: Yaroslav Astakhov / iStock
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Trocar ou ceder assentos no avião pode parecer uma situação que parece simples à primeira vista, mas pode gerar uma série de problemas tanto para os passageiros quanto para a companhia aérea.

Embora muitas pessoas troquem de lugar por questões de conforto ou de cordialidade, é importante lembrar que a escolha de um assento tem implicações legais e práticas, que envolvem desde a política da companhia aérea até questões de segurança.

Além disso, episódios como o de uma mulher filmada em um voo, sendo manipulada para ceder seu assento à criança de uma passageira, levantam questões sobre como a troca de assentos pode sair do controle.

Este caso específico, que viralizou nas redes sociais, gerou um debate sobre os limites do bom senso e da convivência civilizada durante o voo. A mulher havia pago pelo assento na janela e, em certo momento, foi pressionada a ceder o lugar, após uma passageira criar um tumulto para convencer a mulher a dar seu lugar à criança.

Este incidente trouxe à tona discussões sobre a etiqueta de viagens aéreas e as consequências de ceder o assento sem pensar nas repercussões legais e sociais. Vamos entender os possíveis problemas que podem surgir ao trocar de assento no avião.

Um passageiro é obrigado a ceder o assento do avião a outro?

Antes de abordarmos as questões práticas e legais sobre a troca de assentos, é importante entender que, de acordo com a legislação brasileira, como regulamentado pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), os passageiros não são obrigados a ceder o assento a outra pessoa, salvo em situações específicas. Em princípio, quem comprou um assento tem o direito de ocupá-lo, independentemente de preferências de outros passageiros.

A ANAC, por exemplo, não impõe a obrigação de ceder de assento no avião, a menos que haja uma justificativa clara, como o conforto de uma criança pequena ou um passageiro com necessidades especiais.

A única exceção que pode ocorrer é em casos de overbooking, quando a companhia aérea, por erro ou por questões operacionais, vendeu mais bilhetes do que a capacidade do avião comporta. Nesses casos, a empresa pode pedir que alguém ceda seu assento, com a compensação adequada, e não é incomum que a companhia ofereça benefícios como milhas, vouchers de alimentação ou até mesmo reacomodação em outro voo.

O que o caso da mulher filmada evidencia, no entanto, é que, em muitos momentos, a troca de assento ocorre de maneira não voluntária, com uma pressão social ou psicológica envolvida. Mas isso não deve ser confundido com uma obrigação legal de ceder o assento. Assim, quando se trata de um pedido de troca de assento, a pessoa pode, se desejar, recusar.

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Quais problemas você pode ter por trocar de assento no avião?

Embora a troca de assento no avião seja comum, ela pode acarretar diversos problemas, seja por questões de segurança, por mal-entendidos com outros passageiros ou mesmo por possíveis consequências legais. Vamos explorar os principais problemas que podem surgir quando você decide ceder seu assento.

Questões de segurança

A principal preocupação que envolve a troca de assentos no avião é a segurança. As companhias aéreas estabelecem regras rígidas sobre a distribuição de passageiros no voo, a fim de garantir que todos os protocolos de segurança sejam seguidos corretamente.

Por exemplo, assentos próximos às saídas de emergência exigem passageiros que tenham capacidade para agir rapidamente em uma situação de emergência, como evacuação do avião. Se você trocar de assento com outra pessoa sem verificar essas considerações, pode acabar colocando em risco a segurança do voo.

avião
Imagem: Gill_figueroa / Shutterstock

Além disso, os sistemas de segurança de bordo, como os procedimentos de evacuação, exigem que os passageiros estejam cientes dos seus assentos e das responsabilidades atribuídas a eles.

A troca de assentos, sem a devida comunicação com a tripulação, pode resultar em complicações em caso de emergência. Esse é um dos motivos pelo qual as companhias aéreas desaconselham trocas de assentos sem o devido consentimento da tripulação.

Problemas com identificação em caso de acidente

Outro problema potencial relacionado à troca de assentos é a identificação dos passageiros em caso de acidente. Em situações extremas, como uma emergência durante o voo ou mesmo um acidente, as autoridades de aviação podem precisar identificar os passageiros.

Se houver trocas de assento não registradas, pode ser difícil rastrear com precisão quem estava sentado onde, o que pode dificultar as investigações e a identificação dos passageiros.

Embora isso seja uma preocupação mais remota, é importante lembrar que cada assento no avião é vinculado ao nome e aos detalhes do passageiro. Quando você decide trocar de assento com outra pessoa, é importante garantir que a tripulação esteja ciente dessa mudança para evitar qualquer confusão.

Constrangimento e conflito com outros passageiros

Casos como o que envolveu a mulher sendo filmada no avião, após ser pressionada a ceder seu assento a uma criança, revelam os problemas sociais e de convivência que podem surgir com a troca de assentos. O vídeo viralizou, e muitas pessoas discutiram o quanto a passageira estava sendo insensível ao exigir que a mulher cedessem o lugar para a criança.

Isso levanta a questão de que a pressão para trocar de assento pode, em alguns casos, levar a constrangimentos desnecessários e até à manipulação emocional de outros passageiros.

Além disso, trocas de assento forçadas podem levar a mal-entendidos, onde um passageiro pode se sentir injustiçado ou desrespeitado. Em situações de estresse, como viagens longas ou com passageiros irritados, essa troca pode gerar conflitos entre os passageiros, comprometendo a tranquilidade do voo.

Tripulação em voo comercial
Imagem: RUBEN RAMOS / iStock

Implicações legais e financeiras

Embora a troca de assentos por questões de conforto e cortesia não tenha, em geral, implicações legais diretas, existem algumas situações em que essa prática pode gerar problemas legais. Por exemplo, se um passageiro decide vender ou “compensar” outro pela troca de assento, com pagamento via PIX ou outro meio, a legalidade dessa transação pode ser questionada.

Embora a venda direta de assentos seja proibida pela maioria das companhias aéreas, uma troca com compensação financeira pode ser interpretada como uma infração das normas internas da empresa.

Ademais, a companhia aérea pode, em casos extremos, proibir passageiros que causem distúrbios ou que não sigam as normas da empresa. Isso pode resultar em proibições futuras de embarque ou até em ações legais contra o passageiro, dependendo da gravidade da situação.

Troca de assento e overbooking

No caso do overbooking, quando uma companhia aérea vende mais assentos do que a capacidade do avião, o processo de ceder o assento se torna obrigatório para o passageiro, mas com compensação.

No entanto, é importante lembrar que a companhia deve seguir as regras estabelecidas pela ANAC, oferecendo compensações adequadas. A negativa do passageiro em ceder o assento durante o overbooking pode gerar atrasos e complicações no voo, afetando outros passageiros.

Em algumas situações, passageiros podem negociar entre si a troca de assentos, ou até mesmo vender seu lugar por uma compensação financeira. Essa prática, embora questionável, não costuma ser proibida, desde que seja consensual e não viole as políticas da companhia aérea.

Danilo Oliveira
Colaboração para o Olhar Digital

Danilo Oliveira é jornalista formado pela Universidade Cruzeiro do Sul, amante de jogos, quadrinhos e Puroresu. Atualmente é colaborador do Olhar Digital, podcaster e diretor de comunicação.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.