Uma imagem de satélite capturou dois fenômenos raros em torno da Ilha do Urso, localizada no arquipélago de Svalbard, na Noruega. A pequena ilha, também conhecida como Bjørnøya, é cercada por águas altamente radioativas, levantando preocupações sobre o impacto na fauna local. Curiosamente, apesar do nome, o número de ursos polares na região é extremamente reduzido.
No registro, é possível observar redemoinhos de nuvens conhecidos como vórtices de von Kármán, formados pela interação do fluxo de ar com o relevo montanhoso da ilha. Paralelamente, uma gigantesca floração (ou bloom) de algas fitoplanctônicas pinta a superfície do Mar de Barents com tons esverdeados. Estes eventos, apesar de parecerem conectados, são apenas coincidências, conforme apontado pelo Earth Observatory da NASA.

Redemoinhos de nuvens e o Monte Miseryfjellet
- Os vórtices de von Kármán surgem quando nuvens encontram um fluxo de ar perturbado por uma formação elevada, como montanhas.
- No caso da Ilha do Urso, o responsável é o Monte Miseryfjellet, que possui três picos: Urd, Verdande e Skuld — nomes que remetem às Nornas, divindades da mitologia nórdica.
- O pico mais alto, Skuld, atinge cerca de 536 metros acima do nível do mar e é fundamental para criar o espetáculo atmosférico.
- Esses redemoinhos, observados no canto superior esquerdo da imagem, assemelham-se a tranças, como se as nuvens estivessem entrelaçadas.
- O fenômeno demonstra a interação dinâmica entre o relevo terrestre e a atmosfera.
A floração algal no Mar de Barents
No centro da imagem, outro fenômeno impressionante é a floração de algas fitoplanctônicas, que se estende por até 400 km. A tonalidade esverdeada é causada pela clorofila, pigmento responsável pela fotossíntese. Essas espirais na superfície do oceano são moldadas por correntes marítimas, criando padrões visuais que lembram obras de arte.
Apesar da proximidade espacial, os vórtices de nuvens e floração algal não possuem relação direta. Ambos são fenômenos independentes.
Ameaças radioativas na Ilha do Urso
Embora a beleza natural da Ilha do Urso seja inquestionável, a região enfrenta sérias ameaças. Em 1989, o submarino nuclear soviético K-278 Komsomolets afundou a cerca de 185 km da ilha, liberando radiação nas águas circundantes. Segundo um relatório da BBC de 2019, os níveis de radiação na área chegam a ser 800.000 vezes maiores que o normal.
Os impactos dessa radioatividade no ecossistema marinho ainda não estão claros, mas preocupam cientistas e ambientalistas. A ilha é lar de uma vasta população de aves marinhas — cerca de 1 milhão delas se reúne anualmente nos penhascos da região para reprodução. Além disso, raposas e focas também habitam a ilha, tornando-a ecologicamente rica, mas vulnerável.
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Ursos polares: visitantes raros
Descoberta por exploradores holandeses no século XVI, a ilha foi nomeada em homenagem a um urso polar avistado na região. Entretanto, esses animais são raros na Ilha do Urso, pois o gelo do Ártico raramente alcança essa localização. Em 2019, por exemplo, pesquisadores avistaram um urso polar pela primeira vez em mais de oito anos.

A combinação de fenômenos naturais únicos e ameaças ambientais torna a Ilha do Urso um ponto de interesse global para cientistas e ambientalistas. Além de sua beleza extraordinária, a ilha reflete os desafios de equilibrar conservação e os legados de atividades humanas no Ártico.